A candidata à prefeita de Cascavel, Professora Liliam (PT), que também é vereadora, apresentou pedido de instauração de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), na Câmara de Cascavel para investigar denúncias de supostas irregularidades envolvendo a evolução patrimonial do prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos (PL). Nas últimas semanas, após uma série de denúncias realizadas pelo ex-deputado federal Evandro Roman contra o prefeito de Cascavel agitaram o cenário político de Cascavel e o assunto chegou ao Legislativo.
Roman afirmou em entrevista a um podcast (Gcast), que rompeu a relação política que mantinha com Paranhos em 2019, alegando que não queria estar associado a uma “quadrilha” que estaria operando sob o comando do prefeito. O ex-deputado fez uma série de acusações, sugerindo práticas ilícitas e aumento suspeito do patrimônio do prefeito e de sua família.
Segundo Roman, ele decidiu se candidatar à prefeitura em 2020 para se distanciar do que classificou como “roubalheira e picaretagem”. Roman apresentou dados que indicariam um crescimento significativo no patrimônio de Paranhos. Segundo ele, o patrimônio declarado do prefeito e de sua família aumentou de cerca de R$ 1 milhão em 2020 para R$ 17 milhões, atualmente, crescimento que Roman alega estar comprovado por documentos.
Na Câmara
Entre os vereadores de Cascavel, quem se manifestou sobre a situação foi Professora Liliam, que também é candidata à prefeita. Durante a sessão ordinária de ontem (23), Liliam apresentou um requerimento de abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para averiguar a evolução patrimonial de Paranhos. Segundo ela, desde o início do mandato como vereadora de Cascavel, tem priorizado a fiscalização das ações do município de Cascavel, apesar das dificuldades com a “falta de transparência”.
“Nosso mandato, diferente do que tem aparecido na mídia, cumpriu a função fiscalizadora. Fizemos inúmeras denúncias, protocolamos inúmeras questões no Ministério Público. Temos dificuldades enormes com a falta de transparência do governo, dos portais que não são alimentados, porém, algumas questões conseguimos que prosperassem no Ministério Público”, relatou a vereadora.
Segundo ela, “no dia 18, o último, acabamos de ter uma negativa ao pedido de efeito suspensivo que a Prefeitura fez contra a nossa denúncia da venda dos terrenos urbanos. O Tribunal de Justiça do Paraná, por unanimidade, manteve o impedimento de venda dos terrenos que são meu e seu, para que a Prefeitura fizesse caixa.”
CPI
No entanto, segundo Liliam, as denúncias sobre a elevação do patrimônio de Paranhos motivaram ela a aguardar uma resposta do prefeito, que acabou não acontecendo. “Nas últimas semanas, as denúncias sobre elevação de patrimônio incompatível com o salário do prefeito me motivaram a aguardar ansiosamente a resposta do prefeito, já que é uma pessoa pública muito afeta às mídias e a se colocar sobre qualquer questão. Mas o silêncio do Executivo é muito preocupante”, disse.
Por conta do silêncio do prefeito, ela optou por apresentar um requerimento para a abertura da CPI, visando esclarecer as denúncias. Para que a Comissão Parlamentar de Inquérito seja instaurada na Câmara de Cascavel é necessário um terço das assinaturas dos vereadores, ou seja, sete assinaturas. “Cumprindo o nosso papel fiscalizador, eu solicito aos colegas o apoio para a abertura de uma CPI por essa casa, para oportunizar de lado a lado esclarecimentos. Como figura pública, o meu salário está disponível nos portais da transparência, assim como o salário do prefeito, que é servidor público. Nossos salários são públicos.”
Segundo a vereadora, Paranhos deve explicações sobre esse aumento de patrimônio, já que, segundo ela, o salário de prefeito não comportaria evolução apresentadas nas denuncias de Roman. “E o prefeito deve, sim, explicações sobre a incompatibilidade do seu crescimento patrimonial. Alguém que ganha o salário que o prefeito ganha não justifica a ampliação do seu patrimônio, dos seus bens, nos níveis incríveis que a gente assistiu nos últimos dias disponíveis. E de outro lado, o acusador deve sim apresentar as provas dos pontos em que indica irregularidade. Então, para cumprir o nosso papel fiscalizador, o Legislativo não pode ficar inerte.”
Duas assinaturas
Ela informou ainda que o requerimento da CPI está pronta e que já conta com a assinatura dela e do vereador Professor Santello (União Brasil). “Nossa proposição de CPI está pronta, mas aberta às sugestões e, por enquanto, seguimos com duas assinaturas. A assinatura do vereador professor Santello e a minha. Nós precisamos de sete assinaturas”.
Convocação dos “pares”
A vereadora ainda convocou os demais vereadores do legislativo para que assinem o requerimento. “Não é possível que numa situação como essa, nós nos manteremos silenciosos, ainda que esse mandato nunca se manteve. Convido os colegas a assinarem comigo essa ferramenta parlamentar de viabilizar os necessários esclarecimentos para a população. O primeiro papel da vereança é fiscalizar o Executivo. A CPI deve, inclusive, ser desejada por todas as pessoas que querem e que têm condições de esclarecer se fazem acusações infundadas ou se negam a comentar algo que é de interesse, sim, de toda a população cascavelense.”