A delegada da Polícia Civil, Thais Regina Zanatta, falou com a imprensa na manhã de hoje sobre a investigação de um desvio de R$ 2,4 milhões, valor que deveria ser destinado à compra de medicamentos para tratamento de câncer.
Conforme a delegada, ontem (12) a equipe policial teve conhecimento sobre o caso da pequena Yasmin Aparecida Campos, de 11 anos. A menina foi diagnosticada com neuroblastoma, um tipo de câncer extremamente agressivo.
Os medicamentos para o tratamento da doença são caros e importados da Índia. “Pela falta de condições financeiras da família, eles ingressaram com uma ação judicial para que o Estado pagasse pela medicação”, explicou a delegada.
A família obteve êxito na ação e o Estado pagou R$ 2,4 milhões pelos medicamentos. O advogado responsável pelo caso, representando a família, deveria apresentar três orçamentos de empresas importadoras da medicação.
A empresa que ofereceu menor valor foi selecionada, e está sendo investigada, pois contou com a participação de uma segunda empresa, que não estava dentro a ação judicial, para que fizesse a importação.
O Estado fez a transferência do dinheiro para a Justiça, e a Justiça repassou para a empresa. Porém, a família nunca recebeu a medicação que deveria. “O processo está em trâmite desde abril, e o prazo era de 30 dias, sendo que as outras empresas que fazem a importação demoram no máximo 15 dias para que o remédio chegue até o paciente”, contou a delegada.
A mãe, sem receber os medicamentos, procurou a Polícia Civil para denunciar o caso e descobrir para onde foi o dinheiro. A família recebeu apenas uma parte da medicação, contudo era genérica. Os remédios não tinham o selo da Anvisa e lacre de segurança, ou seja, não tem como precisar a autenticidade das substâncias que estão presentes nos medicamentos.
A Polícia está investigando desde as empresas, até os advogados envolvidos. “Todos são suspeitos neste momento, não tem como afirmar quem foi o responsável por desviar esses valores. Os crimes apurados são: estelionato, organização criminosa, emissão de nota fiscal falsa e lavagem de capital”, destacou Zanatta.
Uma das empresas investigadas é de Santa Catarina e a outra do Rio Grande do Sul. A delegada informou que um dos proprietários tem antecedente criminal.
Enquanto isso, a criança corre contra o tempo para receber os medicamentos necessários e seguir na luta contra a doença.