CASCAVEL

Centro Pop: Anúncio da mudança do Santa Felicidade para a região central mobiliza a comunidade escolar

A mudança do Centro Pop para o centro de Cascavel gera debates sobre segurança e apoio à população em situação de rua - Foto: Secom
A mudança do Centro Pop para o centro de Cascavel gera debates sobre segurança e apoio à população em situação de rua - Foto: Secom

Cascavel - Nesta semana, a situação de insegurança vivida pelos cascavelenses com a grande quantidade de moradores de rua na cidade acabou sendo “inflamada” com a morte brutal de Luiz Lourenço, na manhã de terça-feira (25), próximo ao Parque Vitória, no Bairro Cancelli. Ele foi assassinado por um morador de rua com golpes de um tubo de concreto revestido com PVC. Autoridades de segurança, políticos e a sociedade em geral estão se mobilizando reivindicando ações mais efetivas no enfrentamento do problema que causa medo e revolta nos moradores.

A morte violenta de Luiz Lourenço, na última terça-feira, reacendeu o debate sobre as pessoas sem situação de rua em Cascavel – Foto: Reprodução

Seaso

Agora, uma decisão da Seaso (Secretaria Municipal de Assistência Social) de Cascavel, que estava sendo tratada há meses, acabou vindo à tona e chamando a atenção da comunidade escolar que está se mobilizando contra a decisão de transferir a estrutura do Centro Pop do Bairro Santa Felicidade para a região central da cidade, para o prédio que abriga o Creas Sul (Centro de Referência Especializado de Assistência Social).

O problema é que o prédio é próximo do Colégio Estadual Wilson Joffre – que inclusive, por anos lutou para o fechamento do antigo cadeião da cidade, que fica bem ao lado da instituição – e da Escola Municipal Gladis Tibola e que tem um fluxo intenso desde criança até jovens. A mudança já foi, inclusive, aprovada pelo CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) durante assembleia.

O Colégio Estadual Wilson Joffre divulgou nesta quinta-feira (27) pelas redes sociais, aos pais e à comunidade escolar, uma nota de repúdio pela mudança e na parte da noite reuniu representantes do Conselho Escolar da instituição e da Escola Municipal Gladis Tibola para definir ações que devem ser realizadas para evitar a transferência do serviço público que atende os moradores de rua.

Para a diretora do Wilson Joffre, Alexandra Ruwer, a mobilização é pela insegurança, pelo medo do que pode vir acontecer com as crianças, adolescentes e familiares. “Estamos pedindo mais esclarecimentos aos órgãos envolvidos para que a gente possa entender e também discutir se realmente esse é o melhor local para o atendimento às pessoas. Nós entendemos que precisa ter atendimento, é necessário, sim é muito importante, mas realmente esse é o melhor local para esse atendimento?”, questionou.

Ela lembrou ainda da luta contra a cadeia pública e que agora novamente precisam se mobilizar pela segurança dos alunos e dos professores que terão que conviver diariamente com os andarilhos, caso a mudança seja efetivada. “Já passamos por alguns episódios de invasão, inclusive quando houve fuga, se esconderam dentro da escola, dentro de salas de aula, então assim, foi um outro episódio teoricamente isolado, mas houve, então a preocupação, a comunidade realmente está muito preocupada com esta possível mudança”, reforçou ela. Lembrando ainda que eles acreditam que vai aumentar o risco de ocorrência de crimes nas proximidades do colégio. 

Atendimento

O Centro Pop oferece atendimento para as pessoas em situação de rua durante o dia. Atualmente o programa funciona em um prédio localizado no Bairro Santa Felicidade, mas os moradores da região pedem há muito tempo a mudança do serviço para outro local. Ele também já funcionou anteriormente no Bairro Alto Alegre, mas também não foi bem aceito pela comunidade local que lutou até tirar a estrutura do bairro.

De acordo com a Seaso, a ideia é trazer a estrutura para a área central, aproximando o serviço aos moradores de rua que acabam permanecendo nesta região. Por isso, a proposta é de ocupar o prédio que abriga o Creas Sul, na Rua Riachuelo esquina com a Rua da Bandeira que passará a funcionar na atual unidade de saúde do bairro Santa Felicidade, que ganhará nova sede, que está sendo construída.

Além disso, para a Sesao a nova localização do Centro Pop acaba sendo estratégica porque fica próxima da 15ª Subdivisão Policial e Cadeia Pública de Cascavel e ao lado da sede do antigo Cisop – que em breve vai receber a estrutura da Guarda Municipal de Cascavel. Mas ainda se cogita que a atual estrutura do Centro Pop seja utilizada para serviços relacionados aos idosos, o que ainda não está definido.

A Casa Pop, que funciona com atendimento permanente aos moradores de rua, que também fica no bairro Santa Felicidade, permanece no mesmo local. Ela atende em média de 50 a 70 pessoas, entre 18 a 70 anos que perderam vínculos familiares e recebem moradia, alimentação e cuidados médicos.