Opinião

Salvem nossos bolsos

Por Carla Hachmann

Começou com atos isolados de prefeitos na tentativa de impedir o reajuste de 12,13% nas contas de água no Paraná, ganhou manifestações de repúdio das Câmaras de Vereadores e agora, a uma semana de entrar em vigor, a alta pode ser vetada pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado).

O órgão passou a investigar os argumentos para o reajuste mas também pretende considerar outros números da Sanepar. E pode entrar água na estratégia.

Conforme números preliminares obtidos pelo tribunal, a estatal (que tem capital misto) dobrou o lucro repassado aos acionistas (foram mais de R$ 400 milhões ano passado) e reajustou a tarifa de água e esgoto em percentuais que são quase o dobro do acumulado da inflação no mesmo período.

A população paranaense ainda não engoliu direito a estratégia da companhia de cortar pela metade a cota de consumo mínimo, o que disparou a fatura de boa parte das famílias que consumiam até 10 metros cúbicos e viram o limite cair para 5 sem muitas explicações.

Ah, e tem ainda o próprio consumo mínimo. Caso o consumidor resolva deixar as torneiras fechadas durante o mês todo, vai pagar pelos mesmos 5 metros cúbicos (mais a taxa de esgoto), e não tem choro.

Tem mais! Embora a Sanepar use suas anotações no verso da fatura para atestar a qualidade da água, na prática ela vem sendo questionada. Cascavel vive um surto de diarreia aguda e tudo aponta para a água da torneira como fonte consumidora. Ninguém fez questão de rastrear os doentes nem insistir muito no assunto, enquanto a Sanepar apenas dizia que os laudos não eram conclusivos.

Há poucos dias, estudos mostraram que bebemos agrotóxicos. Novamente, os dados foram contestados e ficou o disse pelo que disse.

É justo que ao menos alguém se debruce sobre um desses assuntos. Que seja o reajuste.