Há pouco mais de 2 mil anos, quando se separou de Pompeia e disse que “minha esposa não deve estar nem sob suspeita”, o imperador romano Júlio César inspirava o provérbio “A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”.
O mote de combate à corrupção promoveu um tsunami nas eleições de 2018, elegendo novatos na política apenas por ostentar um distintivo ou se aliar à “turma da bala”. O que importava era o discurso. E essa premissa continua impulsionando os debates entre “bolsomínions” e “petralhas” até hoje.
Em meio a essa promessa, uma preocupante constatação. O Brasil piorou no ranking de corrupção em 2019, diz Transparência Internacional. Com 35 pontos (0 altamente corrupto – 100 muito íntegro), o País ocupa a 106ª posição em índice que leva em conta a percepção de especialistas e empresários, dentre 180 países avaliados pelo IPC (Índice de Percepção da Corrupção). Essa é a pior colocação do Brasil e a pontuação mais baixa no ranking desde o início do levantamento.
Em 2018, o País havia ficado na 105ª colocação, com 36 pontos, e em 2017, com 37 pontos, no 96º lugar. Foram utilizadas 13 fontes de dados para o cálculo do índice, entre elas instituições como o Banco Central e o Fórum Econômico Mundial.
O Brasil aparece com destaque no relatório, que aponta a corrupção como “um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento econômico e social do País”. “Após as eleições de 2018, que foram profundamente influenciadas por acentuada narrativa anticorrupção por parte de diversos candidatos, o Brasil passou por uma série de retrocessos em seu arcabouço legal e institucional anticorrupção”, diz o documento.
Não basta sermos honestos, precisamos parecer honestos.