Por Eleandro José Brun
O setor florestal é um dos mais importantes do agronegócio brasileiro, não somente em grandes áreas, mas em propriedades rurais de todos os tamanhos, empresariais ou familiares. No Paraná, com destaque às regiões oeste e sudoeste, um dos produtos florestais mais demandados é a biomassa energética gerada por florestas, predominantemente de eucalipto, em rotações curtas (entre 5 e 8 anos).
Nessa discussão, um evento realizado em parceria entre Aefos/PR, UTFPR Dois Vizinhos e Projeto Bioeste Florestas (Embrapa Florestas, Cibiogás e Itaipu) no último dia 22 de outubro, nas dependências da UTFPR, em Dois Vizinhos, reuniu mais de 300 participantes interessados em conhecer mais sobre a viabilidade e produção de biomassa energética a base de eucalipto.
Apesar de que (e com louvor) os maiores interessados no tema serem ainda os estudantes universitários da área, a presença de agricultores, profissionais e empresários no evento deve ser ressaltada como um marco fundamental para uma retomada de valorização do eucalipto como fundamental na produção de biomassa na cadeia produtiva agroindustrial.
A realidade que nos cerca, em significativa proporção, ainda é a produção de lenha em metro, produto de baixo valor agregado e que pouco tem remunerado o produtor (mesmo sendo lucrativa, dependendo do preço pago), mas já existem cases bem avançados de produção de cavaco e pellets, por exemplo, produtos que facilitam o transporte, têm maior poder calorífico concentrado em um mesmo volume, além de permitirem o aproveitamento de resíduos. Isso ilustra o quanto já avançamos, mas, principalmente, que ainda temos muito o que avançar na produção de biomassa energética.
Esse avanço precisa ocorrer, principalmente, sob aspectos de uso de tecnologia e de profissionalização do setor. O uso de tecnologia está ligado, fundamentalmente, a projetos de implantação com uso de materiais genéticos adaptados à maior geração de poder calorífico em menor volume de madeira, além de boas práticas de implantação e condução da floresta (controle de invasoras, preparo do solo, calagem e adubação, controle de formigas).
A profissionalização está ligada aos diferentes atores que participam da cadeia, uma vez que, viveirista, proprietário rural, empresa de serviços, beneficiamento ou consumo de madeira, todos, indistintamente, precisam se profissionalizar em relação à tecnologia e uso de insumos tecnologicamente atualizados para a produção de energia a partir de biomassa.
Quem pode ajudar nisso? Universidades, órgãos de pesquisa, centros de formação, sistema S, prefeituras, órgãos estaduais e federais, entre outros, tem seu papel na geração e repasse de informações, além da orientação deste setor. Mas, fundamentalmente, a palavra profissionalização lembra, diretamente, profissional, e isso deixa de ser um gargalo a partir do momento em que temos estes nas regiões oeste e sudoeste do Paraná, formados em área ligadas ao tema biomassa energética, principalmente engenheiros florestais.
Concluindo, o que temos de perspectivas para um futuro próximo: vai faltar madeira para biomassa energética? Sim, tudo indica que vai. Mas qualquer “pau de lenha” atenderá essa demanda? Não, precisa tecnologia e profissionalização, como já expomos.
Então, o que se deve fazer? Acreditamos muito numa perspectiva de parcerias, envolvendo, fundamentalmente, consumidores, produtores e empresas ou profissionais de serviços diversos ligados à cadeia produtiva, mas também podendo envolver o setor público como apoiador em diversos aspectos, mas sem precisar assumir o papel de protagonista; e também o setor bancário, pois a necessidade de crédito com maior prazo é necessária ao setor florestal.
Com isso, o termo fomento florestal volta a ganhar destaque sob diversas formas de operacionalização. Além do apoio a projetos de plantio, também muito importante é a garantia e a segurança para a venda do produto, alguns anos depois.
Eleandro José Brun é engenheiro florestal, presidente da Aefos/PR, professor da UTFPR Câmpus Dois Vizinhos – [email protected]