Política

Usina de reciclagem: Inquérito revela que cena de incêndio sofreu alteração

Segundo o promotor, um dos inquéritos é datado do fim de janeiro após denúncia de quatro vereadores sobre um possível incêndio criminoso nos equipamentos antigos

Usina de reciclagem: Inquérito revela que cena de incêndio sofreu alteração

Reportagem: Juliet Manfrin

Toledo – Nessa sexta-feira (20), no Ministério Público em Toledo, o promotor Sandres Sponholz tirou dúvidas e esclareceu a imprensa sobre os dois inquéritos civis que estão na Promotoria de Patrimônio Público e que dizem respeito às investigações de suspeita de irregularidades em processo licitatório na compra de equipamentos para a usina de reciclagem, vinculada à Secretara de Desenvolvimento Ambiental de Toledo.

Segundo o promotor, um dos inquéritos é datado do fim de janeiro após denúncia de quatro vereadores sobre um possível incêndio criminoso nos equipamentos antigos. O sinistro aconteceu no dia 26 de janeiro e a denúncia reforça que o local foi modificado antes da chegada da perícia, condição confirmada pelo instituto de criminalística com laudo inconclusivo pelo fato de o espaço ter sido alterado antes da análise.

A sindicância na prefeitura foi arquivada por falta de documentos para seguir com as apurações.

No MP, onde o processo continua, o objetivo é entender como começou o fogo. O mesmo inquérito investiga a licitação feita meses antes para a compra de equipamentos que acabaram sendo destruídos pelas chamas. Ou seja, na época em que a licitação foi feita, a compra desses itens era desnecessária.

O segundo inquérito foi instaurado neste mês após denúncia da empresa ERK, que fornece equipamentos. Ela chegou a vencer um dos lotes de licitação da Prefeitura de Toledo, mas foi desclassifica sob a justificativa de não fazer a entrega no prazo estipulado pelo edital.

O promotor lembra que ambos os inquéritos não foram concluídos e, portanto, ainda não há a confirmação das acusações, mas adianta que, se houver comprovação, os indiciados vão responder criminalmente também.

No Paraná

Paralelo ao que vem sendo apurado em Toledo, outro inquérito no MP do Paraná investiga mais de uma centena de municípios que adquiriram equipamentos similares. O MP investiga suspeitas de direcionamento de licitações para a empresa Amazonya, com sede em Cascavel, num programa do Instituto das Águas em que a Itaipu Binacional fornece parte dos recursos. Por todo o Estado, já teriam sido investidos cerca de R$ 40 milhões na compra desses equipamentos.

Em Toledo, o secretário de Desenvolvimento Ambiental, Neudi Mosconi, reitera que “não houve condutas ilícitas, que a exclusão da empresa ERK se deu por não ter entregue os equipamentos de acordo com o que previa o contrato”.

Ele negou ainda favorecimento ou direcionamento à empresa Amazonya. O Jornal O Paraná não conseguiu falar com o proprietário da empresa e também não houve retorno do recado deixado. No Instituto das Águas ninguém foi localizado para falar sobre as aquisições. A Itaipu disse que acompanha os desdobramentos das investigações, mas que não vai se manifestar sobre o caso por enquanto. A Prefeitura de Toledo não se manifestou.