Política

Presidente Bolsonaro diz que Maia "quer enfiar a faca no governo federal"

Ponto central das críticas é o pacote de ajuda a estados e municípios

Presidente Bolsonaro diz que Maia "quer enfiar a faca no governo federal"

O presidente da República, Jair Bolsonaro, acusou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de querer tirá-lo da Presidência da República: “Ele está conduzindo o Brasil para o caos. Vai esculhambar a economia para enfraquecer o governo para voltar em 22?”, criticou em entrevista ao vivo à CNN, na noite desta quinta-feira (16). E disse ainda que o deputado resolveu assumir o papel do Executivo: “Eu lamento a posição do Rodrigo Maia nessas questões. Ele resolveu assumir o papel do Executivo, com ataques contundentes. Ele é chefe do Legislativo, mas ele tem de me respeitar como chefe do Executivo”.

Bolsonaro afirma que Maia “resolveu não conversar com mais ninguém” e que “quer enfiar a faca no governo federal”. “Mas, se se comportarem assim, vão matar a galinha dos ovos de ouro, que é o Brasil”.

Segundo Bolsonaro, “o Brasil não merece o que Maia está fazendo”. E, apesar fortes críticas, alertou que “não está rompendo com o Parlamento”. “Me desculpe, senhor Rodrigo Maia. Péssima a sua atuação. E não estou rompendo com o Parlamento, não. Mas dessa forma está aprofundando a crise, botando uma conta no meu colo que vai chegar a R$ 1 trilhão e o Brasil não vai dispor disso daí”.

Para Bolsonaro, se a situação continuar dessa maneira, o Brasil vai virar Venezuela: “É isso que vai virar. Igual à Venezuela. Sou obrigado a fazer isso aqui, um apelo ao Rodrigo Maia. Isso que o senhor está fazendo não se faz com o Brasil. É falta de patriotismo, é falta de humanismo com esse país que estava dando certo. Lamento mas não é desse jeito”.

As críticas tiveram origem sobre a votação do pacote de ajuda aos estados e municípios. Segundo Bolsonaro, houve uma negociação e depois não houve mais. “Pegaram o Plano Mansueto e simplesmente aprovaram a parte que interessava a eles, e a que não interessava deixaram fora”, acusou, referindo-se à falta de contrapartidas e das sugestões que o ministro da Economia, Paulo Guedes, apresentou.

Ao dizer que está disposto a conversar com Maia, o presidente sugeriu uma ação ilícita do líder da Câmara: “Quando você fala em diálogo, a gente sabe que tipo de diálogo é esse e comigo não vai ter” (…) Quase que conspirar contra o governo federal. Não é essa a maneira de fazer política no Brasil”.

Maia se defende
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), respondeu aos ataques: “O presidente ataca com velho truque da política: como a demissão do ministro Mandetta foi ruim, ele quer trocar a pauta. O que precisamos falar é de saúde. Volto a deixar minha solidariedade às famílias de mais de 1.900 pessoas que perderam suas vidas. Não podemos aceitar que apenas uma visão de Brasil prevaleça”, afirmou o presidente da Câmara. E acrescentou: “Não tem nenhuma intenção de conflitar com o governo, de prejudicar e enfrentar o governo. Ele pode atacar o Congresso, ele joga pedra, o Parlamento vai jogar flores”.