Agronegócio

Mesmo no inverno: Consumo do leite para e indústria reduz preço

A tendência é de queda no preço mais uma vez

Foto: Divulgação
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Cascavel – Com 100% das pastagens destruídas pelas geadas do fim de semana passado, pecuaristas de toda a região oeste torcem agora para que venha chuva. A esperança é de que, com umidade no solo, a planta volte a brotar e tenha comida para o gado. Por enquanto, o gado de leite em cerca de 30 mil propriedades do oeste está sendo alimentado com silagem e eventualmente com aveia, já que essas áreas não foram dizimadas pelo frio.

Condição que por si só onera o custo de produção, mas, em vez de o preço do leite subir, a tendência parece ser de queda. Ao menos para o produtor.

Segundo o extensionista do Instituto Emater Sérgio Haroldo Hein, especialista em bovinocultura de leite e que passou a semana visitando as propriedades, a indústria acaba de notificar os produtores que o preço pago pelo litro vai cair. O impacto será imediato sobre o “cheque do leite” deste mês, com compensação em agosto. “Na média, deverá reduzir cerca de R$ 0,10 por litro. Hoje os produtores recebem algo perto de R$ 1,40 o litro. A justificativa é de que, apesar do auge do inverno, o consumo está travado, não reagiu. Está sobrando leite no mercado”, revela.

Isso justificaria, por exemplo, porque os preços não subiram nas gôndolas dos supermercados, com o litro encontrado em algumas promoções por até R$ 2,50.

Contudo, Sérgio explica que não dá para saber se o preço vai recuar até o consumidor. “Se obedecer a tendência de ter muito produto e não ter consumo, o preço deve cair. Se por ventura o consumo aumentar, ele vai subir. De modo geral, o que temos visto não é nem a disparada do preço nem a retração para o consumidor final, vamos ver como a indústria se comporta”, completou.

E o frio que estimula o consumo até pode voltar nos próximos dias, mas por pouco tempo. É que o avanço de uma frente fria no fim de semana pode trazer um pouco de umidade e chuvas bem pontuais, mas não suficiente para fazer brotar a pastagem. Na terça-feira (16) a temperatura mínima pode chegar a 7ºC, a 5ºC na quarta e a 6ºC na sexta-feira, segundo o Simepar, sem previsão de geada para o oeste. A partir disso os termômetros voltam a subir com temperaturas máximas que podem beirar os 30ºC em alguns municípios da região. Chuvas em volumes maiores só devem ocorrer em duas semanas.

Preocupações

Mas as condições climáticas e a redução do preço não são as únicas preocupações no campo. Segundo Sérgio, os produtores da região – onde está uma das maiores bacias leiteiras do Estado – já estão preocupados com o acordo de livre comércio com a União Europeia. Ainda há um caminho a ser percorrido até que ele seja firmado e as compras e as vendas ocorram efetivamente, mas o trânsito livre poderá impactar em cheio a cadeia produtiva do leite no oeste: “A União Europeia produz muito leite e tem subsídios do governo para isso. Isso deverá impactar na nossa produção, por outro lado, poderá exigir mais qualificação no segmento e profissionalização. Se os nossos produtores estiverem preparados, os impactos devem ser menores”.

Reportagem: Juliet Manfrin