No fim de maio a OIE (Organização Mundial de Sanidade Animal) reconheceu o Departamento de Pando, na Bolívia, como área livre de febre aftosa sem vacinação. Segundo o documento oficial da entidade, referendado em evento em Paris, a recomendação está baseada na documentação apresentada pela delegação boliviana, em conformidade com o Código Sanitário para Animais Terrestres.
Localizado na região norte do país vizinho, o Departamento de Pando faz fronteira com os estados do Acre e de Rondônia, de modo que sua conquista de um novo reconhecimento sanitário também influencia positivamente o Brasil. “Cada vez que uma região de um país consegue esse status, acaba por dizer para o resto do mundo ‘olha aqui, eu não tenho a doença, então não vou continuar vacinando’. Esse resultado é fruto do trabalho muito eficiente do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa [Panaftosa] e do serviço de defesa sanitária dos estados e de países”, observa o diretor-presidente da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), Otamir César Martins.
O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento estabeleceu um plano para a retirada gradual da vacinação contra a febre aftosa no Brasil, por meio do Pnefa (Programa Nacional de Erradicação de Febre Aftosa). Dessa forma, uma vez que Acre e Rondônia também se tornem livres da doença sem vacinação, não precisariam se preocupar com o ingresso de animais vindos de Pando. Seria uma fronteira a menos para os serviços veterinários se preocuparem.
Paraná
Segundo Martins, o caminho boliviano é o mesmo pelo qual passa o Brasil. “É como nós estamos fazendo também. Começamos com Santa Catarina, em 2000, e agora estamos fazendo no Paraná. A partir de setembro, o Mapa reconhece nacionalmente o Paraná como área livre da doença sem vacinação, e em maio de 2021 a OIE concede a mesma certificação que recebeu Pando”, explica Martins.
O Paraná vem se preparando há décadas para elevar seu status sanitário para área livre de febre aftosa sem vacinação. O Mapa já reconheceu o desejo do Estado de se tornar livre da doença e enviou duas auditorias que avaliaram o serviço de defesa sanitário paranaense como um dos melhores do Brasil.
A contagem regressiva para essa conquista já começou. A campanha de vacinação contra a doença realizada em maio deste ano é a última dos pecuaristas paranaenses. A elevação do nosso status sanitário deve incrementar nossa exportação de proteínas animais em geral, alcançando mercados que pagam mais, mas hoje estão fechados para os nossos produtos por conta da nossa condição em relação à febre aftosa. “Esse reconhecimento do distrito de Pando nos dá a certeza de que estamos no caminho certo”, finaliza Martins.