Reportagem: Josimar Bagatoli
Cascavel – Pouco mais de oito meses à frente da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde), o médico Beto Preto vem se deparando com o acúmulo de dívidas herdadas dos gestores anteriores. Para quitar as contas de todos os fornecedores de produtos e as instituições credenciadas para prestação de serviços médicos hoje seriam necessários R$ 500 milhões, montante acumulado até 2018.
A secretaria se depara com dívidas que nem sequer tinha conhecimento. “Estamos pagando contas que não tínhamos sequer conhecimento, como o Hospital da Criança de Maringá, onde havia R$ 50 milhões para este ano sem o devido registro no orçamento de 2019”.
No entanto, não é apenas esse problema que vem dificultando o trabalho na primeira gestão de Ratinho Júnior (PSD). Os repasses esperados do governo federal estão atrasados. A frustração em verbas que deveriam sair do Ministério da Saúde chega a 25% – montante coberto pelo governo estadual. Foram repassados R$ 1,280 bilhão e a expectativa era receber R$ 1,7 bilhão para serviços habilitados já pactuados com o governo federal. O governo estadual vem complementando esse déficit que, somado, chega a R$ 400 milhões. “São recursos que saem do Tesouro estadual e poderiam ser usados em outras ações”, diz Beto.
A situação é bem pior, pois esses números apresentados pelo secretário de Estado desconsideram os atrasos para municípios com gestão plena.
Falta de gestão
Ao que indica o secretário Beto Preto, o Paraná sofre pela falta de gestão adequada da estrutura existente. Por isso, um trabalho mais intenso vem sendo aplicado a fim de usar melhor o SUS (Sistema Único de Saúde) do Paraná.
Um estudo contratado pelo governo estadual demonstra que em todos os equipamentos usados para exames de imagens no Paraná nos maiores hospitais públicos o uso chega a apenas 22% durante o horário de trabalho. São ultrassons, máquinas para ressonância, tomografia e raio-X que ficam ociosos na maior parte do dia, e, em contrapartida, em determinadas regiões do Estado os pacientes esperam durante semanas uma vaga para realizar esses mesmos exames. “Isso significa que 78% dos equipamentos – apenas nos grandes hospitais do Estado – estão ociosos. Mesmo com essa constatação, toda semana chegam pedidos de novos equipamentos. Precisamos trabalhar com olho no olho para usar melhor essa estrutura”.