Cotidiano

Galpão vira ambiente colaborativo com grifes e fábrica compartilhada

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A moda ganha mais espaço na cidade. São cerca de três mil metros quadrados dedicados a pensar novas possibilidades de criação, produção, experimentação, consumo e venda. A Malha, um galpão de coworking e cosewing (fábrica compartilhada) em São Cristóvão abre suas portas, amanhã, para que as marcas parceiras comecem a ocupar o espaço, enquanto o lugar ganha seus contornos finais. No dia 30, uma feira e uma festa marcam o lançamento dessa nova plataforma.

Tudo começou a ser idealizado há pouco mais de um ano pelo empreendedor e fundador do Templo Coworking, Herman Bessler, e o coordenador, autor e professor de moda Andre Carvalhal. Junto com outros nomes da moda, como Renata Abranchs e Daniel Frazão, eles discutiram, nos jardins do Templo, na Gávea, alternativas sustentáveis para o setor. O resultado foi este galpão na Rua Bela 187.

? A Malha surge do sentimento de que o sistema da moda tem perdido sentido diante das várias possibilidades de criar, vender, produzir… Este sistema precisa se transformar. Queremos entender as demandas e as necessidades atuais ? explica Carvalhal.

O lugar foi projetado de modo a promover não somente a interação entre os consumidores e os produtores, mas também destes com toda a cadeia produtiva. Para isso, a Malha conta com 42 contêineres ? onde se estabelecerão ateliês, escritórios, showrooms e pop up stores de marcas pequenas e que estão começando ?, além de uma fábrica, um laboratório de inovação para experimentação tecnológica, um estúdio de fotografia e vídeo e uma escola de moda.

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O objetivo é que todas as marcas envolvidas possam compartilhar estes espaços. Na prática, significa que o processo de produção será mais sustentável e viável financeiramente. O nome Malha, inclusive, é uma brincadeira com a palavra rede, já que nasceu para ser uma plataforma que conecta várias pontas do ecossistema da moda.

? Para a gente não existe pensar produção sem que haja sustentabilidade econômica, social, cultural e ambiental. As pessoas aqui vão poder pensar, produzir na fábrica, fazer comunicação nos estúdios e vender. Todo esse ecossistema irá ajudá-las a se expressar de forma autêntica e genuína ? explica Bessler.

Com um projeto inovador, que já foi lançado em São Paulo e em Goiânia, Luciana Nunes abre, no dia 15, uma pop up, onde ficará, a princípio, por três meses. Ela está à frente da Lucid Bag, um guarda-roupa coletivo que promove a troca de peças entre meninas associadas. É simples: são dois planos que dão direito a ceder e pegar roupas, sapatos e acessórios emprestados. No plano de R$ 150, é possível encontrar peças com um estilo mais casual e design arrojado. Tem até modelos de Alexandre Herchcovitch. Já o plano de R$ 300 também dá direito a looks de festa. Nos dois, é preciso deixar na Lucid aquelas roupas que geralmente foram compradas por impulso e pararam no fundo do armário. Toda vez que as peças são emprestadas, uma porcentagem é repassada às associadas. Marcas parceiras também deixam roupas para uma experiência antes da compra.

? Trabalhava com moda, mas não estava satisfeita com a lógica do mercado de incentivar a pessoa a comprar sem necessidade. Larguei tudo para buscar um projeto em que acreditava. Aí surgiu a ideia de ter um guarda-roupa coletivo. Fazer circular peças especiais que a gente tem em casa e ainda gerar uma renda extra para quem participa. Vim para a Malha porque é um novo espaço de projetos sustentáveis ? diz Luciana.

Num outro contêiner, quatro marcas que antes não tinham um espaço físico vão montar um escritório e showroom. A Coletiva é composta pela Dois Versos, Roots, Ogue e Fridoka.

? Vamos criar, discutir as coleções e também vamos ter peças novas e antigas. Nosso mercado sempre foi online, mas aqui é uma forma de driblar essa necessidade de ter um lugar fixo ? conta Júlia Sampaio, da Dois Versos.

Na escola de moda, coordenada por Gabriela Mazepa, haverá cursos de instituições conceituadas como IED e Senai, voltados principalmente para quatro vertentes: estilo, negócio de moda, técnica e tecnologia. Workshops, oficinas e palestras também serão oferecidos. Além disso, a Malha terá um espaço virtual, o Clube Malha, com conteúdo exclusivo para assinantes. No galpão, aberto diariamente ao público, funcionará o restaurante e café Verdin.

Um domingo por mês, a Malha vai realizar feiras. Em agosto, ela inaugura uma loja no Rio Design Barra com as marcas do galpão e em outubro lança a marca própria em evento no Rio.