Cotidiano

Fim da piracema faz Rio Paraná lotar de pescadores

Guaíra – O casal Antonio José Capatti e Geni Capatti esperava com ansiedade na beira do Rio Paraná em Guaíra para colocar o barco no rio pela primeira vez neste ano e poder, enfim, pescar. Eles são pescadores profissionais há cinco décadas, formaram os quatro filhos, sustentaram por toda a vida a família com os peixes e seguem no oficio que juram não largar por nada: “Isso aqui para mim é uma terapia”, conta Geni.

Com o fim da piracema nesta semana, mais precisamente no dia 1º de março, pescadores amadores e profissionais já estão liberados para a pesca depois de quatro meses de interrupção determinada pelo Ministério do Meio Ambiente, devido ao período de preservação das espécies, destinado à reprodução dos peixes, chamado defeso.

Orgulhosos do ofício, José e Geni vão para o rio de segunda a segunda, armam as redes em num dia, voltam para buscar o que foi capturado no outro. “Vendemos para mercados e a minha filha tem uma peixaria, então não fica nada para trás”, conta José.

“Aqui tem muito cascudo, pintado, armado, todo dia a gente garante uns 20 quilos de peixe. Já vamos aproveitar para levar para casa um pouco e fazer na brasa, ao molho, frito”, segue o pescador.

Assim como José e Geni, pelo menos outros 500 pescadores somente na região de Guaíra voltaram para o lago de Itaipu nesta semana. Somados aos pescadores amadores, aqueles que praticam pesca desportiva, o número é incalculável e eles começam a lotar o Rio Paraná.

Quanto aos profissionais da pesca, eles sobreviviam desde o fim de outubro com o salário pescador, benefício pago pelo governo federal.

Alerta

Nas primeiras horas da liberação da pesca, servidores da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Guaíra e representantes do Coripa (Consórcio Intermunicipal para a Conservação do Remanescente do Rio Paraná e Áreas de Influência) entregavam cópia de ofício do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) alertando para as espécies que não podem ser capturadas na pesca e o que está liberado.

Segundo a bióloga Letícia Nunes Araújo, além do ofício, os pescadores receberam a orientação sobre o tamanho de cada espécie que pode ser capturado e uma régua para ser colocada no barco para que possa ser feita a medição dos exemplares.

Somente no primeiro dia de pesca liberada, pelo menos 60 pescadores profissionais foram para o rio em Guaíra. A expectativa é para que este volume triplique hoje, com a chegada dos pescadores esportivos.