Agronegócio

Febre aftosa: Publicação de área livre é aguardada para esta segunda

A luta pelo fim da imunização ficou mais acirrada depois que os últimos casos da doença foram registrados no Paraná em 2005.

Pasto. Foto:Jaelson Lucas / AEN
Pasto. Foto:Jaelson Lucas / AEN

Reportagem: Juliet Manfrin

O Paraná está praticamente com os dois pés no fim do processo de imunização de bovinos e bubalinos contra a aftosa. Cinquenta anos depois de iniciar a intensa batalha contra a doença, o Estado está às vésperas de alcançar o tão almejado status sanitário que promete impactar positivamente na economia paranaense em cerca de R$ 1,5 bilhão por ano. O setor aguarda a publicação das normativas pelo Mapa (Ministério da Agricultura e Abastecimento) e, de acordo com o próprio Mapa, isso deverá ocorrer na próxima segunda-feira (30). “As normativas relativas ao encerramento da vacinação no Estado serão publicadas pelo Mapa em 30 de setembro, após implantação final de ações pontuais pelo serviço veterinário estadual”, destaca o diretor de Saúde Animal e Insumos Pecuários da Secretaria de Defesa Agropecuária, Geraldo Moraes.

Essa condição foi reforçada há poucos dias quando o ministério enviou ao governo do Estado documento alertando que a publicação está prestes a sair.

A luta pelo fim da imunização ficou mais acirrada depois que os últimos casos da doença foram registrados no Paraná em 2005.

Para o coordenador do Conselho Regional de Sanidade Agropecuária e vice-presidente do POD (Programa Oeste em Desenvolvimento), Elias Zydek, essa já é uma etapa superada, um caminho sem volta, com as antigas divergências superadas com criadores das regiões norte e noroeste do Estado que ficam, a partir da publicação, impedidos de transportar animais de outros estados.

Dentre os problemas identificados por conta disso, em um primeiro momento estaria o aumento do déficit de bezerros para recria e terminação, mas a condição deverá ser superada sem impactar mercado e produção.

Mas entre as condições apontadas como positivas está ainda a do Rio Grande do Sul, que solicitou formalmente ao Mapa a antecipação de área livre sem imunização. “Isso é extremamente positivo porque será uma condição certificada a toda a Região Sul do Brasil. Isso trará ganhos gigantescos”, destacou Zydek.

O processo por lá está mais atrasado, cerca de dez meses se comparado com o do Paraná, mas a publicação é aguardada para 2020. Santa Catarina, por sua vez, é o único estado brasileiro a ser livre da doença e sem vacinação há 12 anos.

As próximas etapas

Mesmo com a publicação do Mapa, o Paraná não terá o status internacional imediatamente. Isso porque daqui a um ano será feito um teste de sorologia no rebanho para ver se há ou não a presença do vírus da aftosa. Em não havendo, o processo interno é então enviado à OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) para que o processo passe a tramitar no órgão internacional que só deverá conceder o status em maio de 2021, em sua assembleia geral ordinária. “De todo modo, o que estamos vivendo agora é um marco histórico, uma luta que em uma de suas fases está próxima do fim e que será extremamente importante à pecuária paranaense e não apenas para bovinos, mas para todas as cadeias das carnes”, completou Elias Zydek.

Para se ter ideia, a carne suína paranaense hoje não consegue acessar cerca de 60% dos mercados pelo simples fato de os rebanhos bovinos e bubalinos receberem a vacina contra a aftosa, o que gera uma espécie de desconfiança sanitária que se alastra por todos os segmentos. “Após isso, poderemos chegar à Coréia do Sul, ao Japão, ao México… as portas se abrirão mais facilmente”, completou.

Para ganhar ainda mais força e representatividade comercial, não está descartada, por exemplo, a criação de uma espécie de bloco comercial com esse status sanitário envolvendo os três estados da Região Sul que possibilitaria, com todos livres da doença e sem imunização, expandirem suas vendas. “Por enquanto devemos fazer o nosso dever de casa assim como temos feito nos últimos anos. temos condições sanitárias e se trabalhou muito para pôr fim à imunização”, alertou Zydek.

A última vacina recebida pelos rebanhos no Estado foi em maio passado e, com a publicação da normativa, a campanha de novembro ficará automaticamente suspensa. Hoje o Paraná conta com um rebanho estático de bovinos e bubalinos de cerca de 10 milhões de cabeças.