Política

EDITORIAL: E a saúde, como vai?

Apesar da proposta de universalização da saúde pública, o Brasil é o país em que a qualidade dos cuidados de saúde tem a pior avaliação: seis em cada dez brasileiros (57%) avaliaram o serviço de saúde que sua família tem acesso como ruim. A média global de avaliação negativa é de 23%. Os dados são da pesquisa “Global Views of Healthcare 2018” da Ipsos, que entrevistou 23,2 mil pessoas em 28 países, incluindo o Brasil, de 25 de maio a 8 de junho. A margem de erro para o Brasil é de 3,1 pontos percentuais.

Depois do Brasil, a Sérvia é a segunda colocada no ranking de insatisfação com a saúde, com 47%. Na outra ponta, estão a Grã-Bretanha (73%), Malásia (72%) e Austrália (71%).

Para os responsáveis pela pesquisa, o estudo evidencia o momento complicado da saúde no Brasil. Isso porque muita gente precisou abrir mão do plano de saúde e não estava acostumado ao rito do SUS, que vive congestionado. No próprio sistema de convênio houve mudanças no atendimento, reduzindo a sensação de estar bem coberto.

Na outra ponta, três em cada dez brasileiros (34%) concordam com a afirmação “eu recebo todos os cuidados médicos que preciso”. Bem abaixo da média global, de 49%. Na Bélgica, pasmem, esse percentual chega a 71%.

O Brasil gasta bilhões para manter o sistema público de saúde, que se onera pela sua própria complexidade. Sistemas não informatizados, reconsultas sem necessidade, e um direcionamento complicado: por exemplo, para ir a um especialista precisa passar pelo generalista.

Aliado a isso há ainda o velho problema do desvio e do jeitinho que tira boa parte do dinheiro injetado, e, claro, a “simples” má gestão, que, embora não seja crime, lesa boa parte dos brasileiros.