Cotidiano

Dpvat deixou de pagar R$ 222 mi em indenizações fraudulentas

Paraná – Segundo dito popular, o seguro morreu de velho. Na prática, ele é açoitado pelas fraudes. A Seguradora Líder, gestora do Dpvat (Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres), decidiu investigar ilegalidades no sistema do seguro obrigatório. E as constatações surpreenderam.

Nos últimos anos, a Líder instaurou uma investigação para identificar pedidos fraudulentos do seguro e deixou de pagar R$ 222,9 milhões apenas em 2017 de casos improcedentes em todo o País.

De acordo com a seguradora, ano passado foram identificadas 17.550 tentativas comprovadas de fraudar o seguro para recebimento de indenização. “O resultado expressivo representa o intenso trabalho da Seguradora Líder a fim de garantir que o Seguro Dpvat continue atendendo a quem de fato precisa. Nesse sentido, uma das principais atribuições da empresa é investir em tecnologia sofisticada para aprimorar os controles de combate a fraudes”, informou a assessoria.

O montante de fraudes evitadas em 2017 é 85% superior ao identificado em 2016, quando a empresa deixou de pagar R$ 120,2 milhões em indenizações falsas.

De acordo com as investigações da Líder, a cada ano aumenta o número de pessoas tentando inventar lesões para burlar o sistema de alguma forma para receber a indenização sem, de fato, ser necessário.

Tarifa

O valor do Dpvat em 2018 varia de R$ 45,72 a R$ 185,50 dependendo da categoria do veículo e deve ser pago com a primeira parcela do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores). E o valor da indenização a receber é de R$ 13.500 no caso de morte ou invalidez permanente, podendo variar conforme o grau de invalidez, e de até R$ 2.700 de reembolso para despesas médicas.

Paraná lidera pedidos por morte

Em 2018 o Dpvat pagou no Paraná 1.286 indenizações por mortes no trânsito, uma redução de 15% em relação a 2017, quando o seguro pagou 1.513 indenizações no mesmo período.

Ainda assim, o Estado é o que tem o maior número de indenizações por morte em acidentes de transito da Região Sul: 44,22%.

O pagamento de seguro Dpvat por invalidez permanente também diminuiu. O total registrado em 2018 foi de 6.912 indenizações de janeiro a junho, redução de 17,1% em relação ao que foi pago de janeiro a junho de 2017, quando o número de processos foi 8.329.

Nas indenizações por invalidez permanente o Paraná também tem a maior porcentagem da Região Sul, chegando a 38,95%. Já o pagamento do Dpvat por Dams, as chamadas despesas médicas com acidentes aumentaram 5,9% em relação ao primeiro semestre de 2017, quando foram registrados 1.743 indenizações contra 1.832 em 2018.

Números no Brasil

Duas políticas adotadas pelo Brasil são apontadas como destaque para a redução no número de acidentes. A primeira é a Lei Seca, que completou dez anos em junho passado.

Pelos cálculos do deputado Hugo Leal, autor da lei, pelo menos 41 mil vidas foram salvas desde que o País passou a combater o consumo de álcool por quem está ao volante.

A segunda é a Lei 13.103, que passou a exigir exame toxicológico para motoristas profissionais com carteiras C, D e E, que entrou em vigor em 2015. Em dois anos de vigência dessa lei, cerca de 1,2 milhão de motoristas foram retirados das rodovias porque não conseguiram passar nos testes ou se recusaram a fazê-los, de acordo com dados do ITTS (Instituto de Tecnologias para o Trânsito Seguro).

Apesar de os números de mortes e acidentes apresentarem uma queda significativa, a Seguradora Líder garante que ainda há muito a se fazer: “O Brasil deu passos importantes para reduzir os acidentes de trânsito, mas não cumprirá as metas fixadas na ONU (Organização das Nações Unidas) de reduzir dos desastres pela metade até 2020. Em 2011, quando passou a vigorar o acordo, morriam nas rodovias brasileiras, em média, 24 pessoas por 100 mil habitantes. Agora, são 18 por 100 mil.”

De acordo com as estatísticas da Polícia Rodoviária Federal, são quase 50 mil mortes nas estradas todos os anos.