Opinião

Coluna Amparar  “De onde vem essa minha raiva dos homens?”

Coluna Amparar  “De onde vem essa minha raiva dos homens?”

Coluna Amparar  “De onde vem essa minha raiva dos homens?”

 

 

José Luiz Ames

Rosana Marcelino

 

No texto de hoje vamos contar a história de uma cliente, vários anos de casada, com duas filhas adultas. Sua queixa dizia respeito à dificuldade de se relacionar com marido. Ela tinha uma comunicação agressiva com relação a ele. Apesar de não querer ter esse movimento, não sabia por que acabava sempre em agressões. Outro ponto dizia respeito ao fato de se aproximar fisicamente dele como se ele fosse uma ameaça. Isso trazia dor para ela. As filhas, mesmo tendo um pai muito carinhoso e amoroso, tinham grande dificuldade de se aproximar do pai e de aceitar o carinho dele.

O desafio que ela nos trouxe foi o de identificar a razão pela qual existia essa raiva e agressividade. A cliente relatou que tinha muito medo da possibilidade de abuso sexual com relação às filhas. Através do uso da constelação familiar, mostrou-se que esse medo estava associado à existência de casos de incesto no sistema familiar dela. Após a constelação, a cliente nos trouxe a informação de que se falava disso na família. Comentava-se de uma forma muito velada sobre situações de incesto que teriam acontecido com a avó dela. Relatou inclusive que essa avó nunca conseguiu superar essas questões e acabou na velhice tendo problemas mentais precisando ficar internada numa clínica psiquiátrica.

A constelação familiar possibilitou que a cliente identificasse que existia essa dinâmica na família. Isso veio com clareza para cliente, porque ela se percebia internamente tendo uma raiva dos homens em geral e tendo tanto medo de que algo acontecesse com as filhas. Essa consciência trouxe para ela a condição de começar a lidar de outra forma com as filhas no sentido de potencializar as meninas para que elas tivessem mais confiança. Passou a dar a liberdade para elas se ausentarem de casa de uma forma segura. Passou a estar atenta a não deixar que as meninas vivessem a partir do medo em relação ao pai. Com a consciência de que não era ele o agente dessas dores dela, ela começou a treinar um posicionamento diferente para com ele, uma forma diferente de tratá-lo; uma forma mais amorosa e acolhedora para com o masculino em geral e para com o marido em particular.

Com o tempo isso resultou no fortalecimento da relação do casal e numa aproximação das filhas para com esse pai. Elas foram trabalhando internamente também esse movimento e, inclusive, o movimento de mais confiança para com a vida.

A cliente percebeu que esse medo que ela tinha com relação aos abusadores fazia com que ela afastasse as filhas dos tios e, sem se dar conta, afastava as filhas do próprio pai e do avô. Na verdade, todos os homens da família eram excluídos a partir dessa memória de abuso que estava nela e da qual ela não tinha consciência.

 

 

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JOSÉ LUIZ AMES E ROSANA MARCELINO são terapeutas sistêmicos e conduzem a Amparar – whatsapp https://bit.ly/2FzW58R (45) 9 9971-8152