Cotidiano

Cascavel vive atualmente a maior epidemia de dengue de sua história

O cenário é crítico em praticamente todo o Estado do Paraná

Foto:Secom
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De acordo com o último Boletim Epidemiológico da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), referente ao período de julho de 2019 até terça-feira (19), Cascavel tem o total de quase 9 mil notificações. Desse total, 4.831 casos foram confirmados de dengue. Além disso, os números podem aumentar ainda mais, uma vez que 1.851 pessoas estão aguardando exame. Somado a isso, já são três óbitos confirmados e mais três em investigação.

A cada semana os números revelam que apesar de todas as ações do Município os índices chegam a níveis críticos. A Secretaria de Saúde reforça que é o momento de uma mobilização de toda a população para reverter esse quadro e realmente ganhar essa guerra contra a dengue. Mas, antes de pedir a você, cascavelense, que se una nessa batalha, o governo municipal quer te deixar a par das principais ações que estão sendo realizadas em Cascavel e, então, pedir que você também faça sua parte e colabore com a limpeza de seu quintal e a eliminar criadouros. Só a união de todos poderá dar fim a essa epidemia. Confira:

EXAMES E INSUMOS
Um dos principais reflexos no aumento de casos é o incremento nos atendimentos da saúde. E para dar o start ao tratamento adequado, primeiro, é necessária a comprovação da dengue por meio de exame.

Considerando o ano epidemiológico que começou em julho de 2019 até março de 2020, o Município investiu mais de R$ 270 mil em exames para a dengue. “Antes todas as amostras eram encaminhadas para o Lacen (Laboratório Central do Estado do Paraná), em Curitiba. Porém, desde o fim do ano, passamos a comprar de laboratórios privados no Município para otimizar esse atendimento, como resultado aumentamos em 900% a realização desses exames. Houve também neste ano o aumento de realizações de hemogramas, atualmente, é uma média de 250 exames dia para a dengue em Cascavel”, explica a diretora de Vigilância em Saúde, Beatriz Tambosi.

Para dar vazão a todos os casos, também teve aumentos significativos nos insumos da saúde. Somente no primeiro trimestre do ano comparado ao mesmo período de 2019, houve um aumento de 100% em consumo de soro fisiológico, 130% de dipirona e 800% de paracetamol, medicamentos essenciais aos tratamentos de pacientes confirmados.

O scalp, que é o material utilizado para fazer a aplicação do soro fisiológico, teve o consumo nas unidades de saúde um incremento de 60%, uma vez que o paciente internado passa por horas no soro para a hidratação, uma das armas mais poderosas no tratamento.

CALL CENTER E ATENDIMENTO MÉDICO
Para otimizar os atendimentos de casos suspeitos de dengue, a Secretaria de Saúde implantou durante a pandemia o Call Center 3096-9090 que presta atendimentos de Covid e dengue.

Ao ligar, o paciente só precisa acionar a ramal 3. O ramal é destinado para orientações em relação aos sintomas da dengue. As queixas para a doença são: dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dor nas articulações, febre, manchas e coceira na pele, náuseas e dor abdominal. Os casos são notificados e, se necessário, encaminhados a uma unidade de saúde. Em situações mais graves, os cascavelenses podem ir direto a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), que estão preparadas para atuar no tratamento dos pacientes.

O consultor de vendas, Leonir Alves dos Santos, passou pelo atendimento no Call Center e se mostra muito agradecido ao atendimento prestado pela equipe de Saúde.  “Estão prestando um excelente trabalho nos atendimentos. Recentemente tive alguns sintomas e entrei em contato com o Call Center para buscar informações e posteriormente atendimento. Fui super bem atendido pela atendente que prontamente fez alguns questionamentos e me informou que o médico iria entrar em contato comigo em breve. E logo o doutor Luís Gustavo Saladini entrou em contato comigo e fez todo o acompanhamento do meu problema, pois fiz o exame e deu reagente para dengue. Ele ficou acompanhando por whatsapp diariamente a minha recuperação e inclusive recebi uma visita da equipe da Secretaria da Saúde, que trouxe o meu atestado em mãos e também medicamentos. Muito obrigado pelo atendimento, carinho e cuidado com as pessoas”, relata agradecido.

Por conta do aumento significativo de casos, a Secretaria de Saúde também adotou uma estratégia para ampliar os atendimentos. Dessa forma, seis unidades de saúde atendem até as 22h para casos especialmente de dengue. As unidades são a USF do Morumbi e nas UBSs dos bairros Neva, Aclimação, Santa Cruz, Floresta e Nova Cidade.

As unidades foram escolhidas pelo número de salas, logística de medicamentos e porque ficam concentradas em regiões de grande fluxo, especialmente. As instituições estão totalmente equipadas com profissionais e insumos como soros, luvas e remédios.

AGENTES DE ENDEMIAS – VISITAS
O trabalho dos agentes de Endemias de Cascavel é praticamente a linha de frente no combate ao vetor. Os trabalhadores atuam intensamente em várias frentes. A principal delas são as visitas domiciliares, que só neste ano já são mais de 137 mil. Somado a isso, há as ações em terrenos baldios, onde são feitas vistorias em locais que podem ser possíveis criadouros. Ao todo, foram mais de 10 mil ações desse tipo no Município.

Todo esse trabalho é feito por cerca de 140 agentes, que chegam a atuar inclusive em sábados, domingos e feriados, provando que a batalha contra o Aedes não para em Cascavel.

Em relação às visitas nas residências, os agentes têm lidado com um entrave: as pendências que chegam a um índice de 35%. Na prática, isso significa o número de moradores da cidade que não estavam em casa ou não atenderam às equipes.

Justamente por conta do coronavírus, o trabalho dos agentes sofreu algumas mudanças. Os servidores não entram em casas onde há pessoas confirmadas com o vírus. E em residências em que os moradores fazem parte do grupo de risco, é feita apenas a orientação seguindo uma distância de segurança sem expô-los a qualquer risco.

Em relação aos imóveis que não foram vistoriados por falta de moradores, a Secretaria de Saúde recomenda que o cidadão entre em contato para agendar uma visita dos agentes de Endemias. Sempre quando encontram uma casa fechada, os agentes deixam um comunicado para que seja feito esse agendamento. Ele pode ser marcado, inclusive nos fins de semana. Os telefones para contato são: (45) 3902-1769 ou o (45) 3902-1343.

DENÚNCIAS, INTIMAÇÕES E RAIO
O trabalho dos agentes não se limita às visitas. Além de toda parte burocrática de pôr esses dados no papel para ser possível ter um quadro geral da situação da dengue no Município, os agentes ainda atuam no atendimento a denúncias.

As denúncias de locais com possíveis criadouros podem ser feitas pelos cascavelenses pela Ouvidoria do Município no 156 ou pelo (45) 3902-1343 na Divisão de Vigilância de Saúde Ambiental. Neste quadrimestre de 2020, já foram atendidas mais de 430 denúncias.

Quando chegam esses reportes, os agentes vão até os locais e apuram os fatos. A abordagem inicial é sempre de orientação para que os focos sejam eliminados. Caso não seja acatado o pedido, ocorre o termo de intimação, que caso não respeitado, é passível de multa, sendo 40 UFMs (Unidade Fiscal do Município) para pessoas físicas e de 60 UFMs para pessoas jurídicas. Hoje, uma UFM tem o valor de R$ 45,35.

Quando o agente de Endemias visita as residências e encontra um pequeno foco de mosquito, o próprio servidor já faz a eliminação. No entanto, quando o caso exige mais atenção, por conta do volume de focos, é solicitado ao morador para que faça esse trabalho. Caso ocorra a reincidência, também é gerado esse termo de intimação. Nesse caso, o morador recebe um prazo de até 3 dias de regularização para eliminar os focos. De janeiro a abril deste ano, já foram realizados 630 termos de intimação no Município.

Mais uma das atividades realizadas pelos agentes é a ação de raio. Isso ocorre quando há um caso confirmado ou suspeito. Então, os agentes se deslocam até o bairro e fazem uma inspeção mais incisiva para eliminar criadouros num raio de 300 metros. Somado a isso, também a ação de bloqueio – em casos confirmados -, que significa a aplicação de inseticida por bomba costal na área.

Como o número de casos confirmados cresce diariamente, os agentes se revezam para fazer a cobertura desses raios por toda a cidade. Somente no primeiro trimestre deste ano foram realizadas mais de 76 mil ações de raio e 170 ações de bloqueio com a aplicação de bomba costal. “Ligamos para o paciente, confirmamos o endereço e passamos para e equipe de campo para fazer o raio. A equipe dá baixa no raio e fazemos uma análise, se o caso for confirmado, já vai para a ação de bloqueio”, detalha a coordenadora do Controle de Endemias, Mari Dalsasso.

Atualmente, os bairros mais infestados com a dengue em Cascavel são: Interlagos, Brasmadeira, Brasília, Cascavel Velho e Centro, respectivamente, com 561 casos, 370, 318, 257 e 204 registros da doença.

Vale destacar que os agentes de Endemias sempre estão uniformizados e identificados. “O agente só passa na residência a cada 60 dias, ou seja, nos outros dias é responsabilidade do morador de fazer essa limpeza do quintal. O cascavelense precisa tomar para si essa responsabilidade de ser o agente da própria casa”, avalia a diretora de Vigilância em Saúde, Beatriz Tambosi.

FUMACÊ
Como o Município decretou guerra ao mosquito, todos os recursos são importantes para eliminar o AedesUm deles é o fumacê, que é a aplicação do UBV pesado, um inseticida que elimina os mosquitos alados, isto é, os que já estão voado, mas não age diretamente na eliminação das larvas.

Em fevereiro, a ação ocorreu nos bairros Brasmadeira, Interlagos, Brasília, Morumbi, Floresta, Pioneiros Catarinenses e Neva. No entanto, o ciclo não foi concluído por falta de inseticida, uma responsabilidade do governo estadual.

Em razão do cenário epidêmico, o Município de Cascavel solicitou o fumacê para a 10ª Regional de Saúde novamente agora em maio. O pedido já foi encaminhado para a Secretaria Estadual de Saúde. De acordo com informações ainda não oficializadas, a autorização já foi concedida. No entanto, o Estado ainda não tem disponíveis os insumos e os veículos para encaminhar à cidade, uma vez que várias cidades no Paraná estão passando pela epidemia de dengue.

O equipamento foi solicitado para 28 localidades de Cascavel. O objetivo é usá-lo nas regiões Norte, Sul e Oeste da cidade, as mais infestadas pela dengue. “A falta de inseticida não é exclusividade nossa, é uma realidade nacional”, pontua a diretora de Vigilância em Saúde, Beatriz Tambosi.

AÇÕES EDUCATIVAS
Como a conscientização é uma engrenagem importante desse combate à dengue, o Município conta hoje com um setor específico para ações de Educação em Saúde. Agentes levam informações, performances teatrais, maquetes, entre outros, que formam um ciclo lúdico e esclarecedor para informar sobre a dengue. As servidoras não medem esforços, usam até fantasias para deixar tudo bem visual e claro à população.

Somente no ano passado, foram realizadas mais de 100 atividades desse tipo, que informaram mais de 42,8 mil pessoas em Cascavel. Os servidores levam a educação desde as crianças das escolas até as empresas, no interior e na cidade.

Para solicitar uma visita gratuita das agentes, basta entrar em contato pelo (45) 3902-1343, porém, somente após encerrar a pandemia, uma vez que os trabalhos estão interrompidos por conta do novo coronavírus.

O QUE VOCÊ PODE FAZER?
Agora que você está ciente das principais ações que o Município tem feito no combate à dengue, o governo municipal te convida para fazer parte dessa guerra e também se mobilizar.

Somente uma mobilização da comunidade é o que fará a diferença nessa guerra contra o mosquito. Não deixe acumular água parada, até mesmo água suja.

Dentre os locais que precisam ser vistoriados pela população estão: edícula, tonéis com captação de água da chuva, aquários sem bomba de oxigenação, pratos de vasos de plantas, bandejas das geladeiras, bebedouro de animais, tanque de roupas que ficam com água empossada no fundo, coletor de água da saída do ar-condicionado, lixeiro sem tampa e sem furo embaixo, piscinas de plástico, cisternas, caixas de gorduras e plantas aquáticas, pequenos objetos nos quintais; como tampas de garrafas, copos plásticos e brinquedos infantis. A destinação de pneus também é outro problema. A recomendação é deixá-los em uma área coberta ou então encaminhar para uma borracharia que se responsabilize. Até mesmo gotículas de água numa tampinha de plástico já são suficientes para se transformar no criadouro do mosquito.