Cotidiano

Auditorias serão diárias para impedir sonegação de leitos

 Estado implanta auditoria de leitos e Câmara Técnica

Auditorias serão diárias para impedir sonegação de leitos

Reportagem: Claudia Neis 

Cascavel – A Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) iniciou ontem (6), após uma longa reunião com a presença de representantes do Município, do Consamu e de hospitais conveniados ao SUS, a implantação de Câmara Técnica Hospitalar, formado por especialistas para discutir os problemas e o fluxo hospitalar. “O objetivo dessa Câmara é estabelecer acompanhamento contínuo do fluxo de atendimento de urgência e emergência da região e encontrar pontos que podem ser melhorados para que o processo melhore como um todo”, explicou o diretor de Gestão em Saúde da Sesa, Vinicius Filipak.

A ideia é discutir os problemas na Câmara, com pessoas envolvidas com os problemas em si, e levar as possíveis soluções ao Comitê de Urgência e Emergência, para que possa agilizar as deliberações e os encaminhamentos necessários.

A ação acontece diante de problemas recorrentes da saúde pública de Cascavel e que ficaram ainda mais visíveis nos últimos dias, com a superlotação dos hospitais e das UPAs (Unidade de Pronto-Atendimento). Nas últimas semanas houve transferência de pacientes para cidades distantes e a hospitais particulares não conveniados ao SUS, além de suspensão de cirurgias eletivas e 11 leitos vazios encontrados pela 10ª Regional de Saúde no HU (Hospital Universitário) de Cascavel no último fim de semana.

No encontro, foram apresentados números de todos os prestadores envolvidos na regulação. A região oeste é considerada uma das piores em distribuição de leitos, com o número abaixo do ideal.

Filipak disse que foi pedido o cumprimento de todos os itens que estão contratados entre os prestadores – hospitais – e uma nova análise da situação vai ocorrer na próxima reunião da Câmara, dia 19.

Auditoria de leitos

Uma equipe da 10ª Regional de Saúde passa a realizar auditorias diárias nos três hospitais conveniados ao SUS: HU, Hospital Salete/Coração e São Lucas, verificando o número de leitos ocupados e os disponíveis. Ela vai informar a situação ao Consamu, que faz a regulação de pacientes.

A ideia, de acordo com Filipak, é otimizar a regulação de leitos. “Os processos dentro dos hospitais passam por mudanças, muitas vezes diárias, e, com esse trabalho da equipe da Regional, estamos conseguindo verificar possíveis falhas e fazer o melhor aproveitamento da estrutura existente no sistema de regulação”, explica.

Leitos vazios

O processo de auditoria teve início sábado (2), quando foi feita a verificação no HU. Diante de leitos vazios encontrados lá, o trabalho se estendeu aos outros prestadores para evitar a “sonegação” de vagas.

O diretor-geral do HU, Edison Leismann, voltou a negar que os leitos estivessem vagos e disse que em determinados horários é feito o processo de limpeza e preparação para novos pacientes. Ele disse ainda que os leitos encontrados eram de especialidades que não havia demanda.

Veja a entrevista completa com o diretor-geral do HU, Edison Leismann:

 

Porém, de acordo com o relatório da 10ª Regional de Saúde, constavam 24 leitos vagos encontrados no HU no último sábado, dos quais apenas 13 haviam sido informados ao Complexo Regulador, os outros 11 não.

Choque de gestão será mais suave

O chamado “choque de gestão” no HU anunciado pelo secretário de Saúde, Beto Preto, que prometeu uma equipe para revisar contratos e processos do hospital irá acontecer de uma maneira mais branda. “O choque de gestão no HU que o secretário de referiu diz respeito a um acompanhamento mais próximo da Sesa à direção do HU, para, juntos, verificar onde estão os problemas, quais situações estão passiveis de solução a curto, médio e longo prazo. E isso não precisa ser feito in loco, mas de forma remota pela equipe em Curitiba e presencialmente com a equipe da 10ª Regional… Claro que nada impede de termos, em determinado momento, o auxílio de profissionais especializados”, explicou o diretor de Gestão em Saúde da Sesa, Vinicius Filipak.

Ele disse que não se trata de uma intervenção, mas um “acompanhamento” para estimular os processos de gestão, que é de responsabilidade do hospital e que vai culminar com a melhoria no atendimento aos pacientes.

Acompanhe as entrevistas sobre o assunto:

 

Ouça a entrevista com secretário de Saúde, Beto Preto, concedida em 31 de outubro, em Foz do Iguaçu: