“Vacinar ou não vacinar?”. Sob o olhar da Enfermagem, a questão fomentou discussão sobre os reflexos do Movimento Antivacina e alertou para a obrigatoriedade da imunização no Brasil. Tema foi discutido em live, conduzida pela professora Daisy Rodrigues, tendo como convidada a coordenadora do Programa de Imunização de Cascavel, enfermeira Cristina Carnaval.
“Vacinar é a melhor prevenção”, defendeu a convidada, mencionando que 3 milhões de óbitos são evitados anualmente pelos imunobiológicos. Também destacou que o Programa de Imunização de Cascavel é o único no Brasil com sede própria de distribuição de insumo e imunobiológicos, abastecendo 43 unidades do Município.
Ao iniciar o bate-papo, com posicionamento histórico, a professora lembrou pesquisa realizada pelo médico britânico Andrew Wakefield (do final do século 20), que relacionava a vacina tríplice viral com o desenvolvimento do autismo. À época, estudo foi publicado em revista científica de grande impacto, contudo, houve contestação da metodologia, sendo considerada sem evidência científica.
Porém, mesmo com o registro profissional anulado, o médico ministrava palestras reforçando o Movimento Antivacina.
Conforme contextualizou a docente, esse Movimento se tornou mais evidente fora do Brasil, onde a imunização não é obrigatória, mas também teve reflexos no País, como o impacto na visão das pessoas em relação aos imunobiológicos.
A palestrante também falou sobre a “revolta da vacina” (ocorrida no início do século 20), quando a imunização se tornou facultativa no Brasil. “A revolta não estava atrelada ao imunobiológico, mas à forma como acontecia a imunização; parecia um tiro, remetia à violência”.
No bate-papo, educação em saúde foi outro tema abordado, focando as campanhas de conscientização, calendário de vacinas, obrigatoriedade e nacionalização da imunização pelos sistemas do Ministério da Saúde (possibilita ao paciente receber a vacina em qualquer lugar do País) e o aumento da cobertura vacinal, com parâmetros para o Município, o Estado e o País.
Atenção primária
A enfermeira explicou, ainda, como a falta de vacinação pode ser prejudicial na atenção primária. “Quando a criança não é vacinada, fica suscetível a contrair aquela doença, a maioria infectocontagiosa, e acaba colocando em risco a população daquela faixa etária”, alertou.
Como exemplos de atendimento fora do calendário, lembrou o surto recente de sarampo: “Não se tinha casos de sarampo havia mais de 20 anos e, com o alto índice de notificações, foi preciso vacinar a população em geral, para dar segurança e conferir imunidade”.
Outros pontos fundamentais foram abordados, como maior valorização da homeopatia em detrimento da vacina, restrição à imunização, sobrecarga imunológica que a imunização pode trazer, capacidade de resposta imunológica por parte do organismo, ativação de anticorpos dos neonatos, estratégias para conseguir imunizar a maior parte da população, efeitos adversos e, ainda, custo/benefício da vacina.