A indústria paranaense continua em alta, tanto na produção quanto na criação de novas vagas de trabalho em 2021. De janeiro a junho, o setor foi responsável por 30% do total de empregos formais (com carteira assinada) do estado. Com isso, o Paraná ocupa a quinta posição entre as unidades da federação que mais admitiram novos trabalhadores na indústria este ano e, a quarta, na avaliação mensal (só junho).
Foram 35.662 vagas abertas no primeiro semestre, sendo 34.800 somente na indústria de transformação. Só em junho, o saldo chegou a 3.848 novos postos. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (29/7), pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), vinculado ao Ministério da Economia.
Para o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Evânio Felippe, os números são reflexo do crescimento da produção industrial, que acumula alta de 20% este ano. “São nove meses seguidos de resultados positivos no setor produtivo industrial no estado. E isso claramente repercute no aumento de empregos”, justifica.
No primeiro semestre do ano passado, já com a pandemia em curso no Brasil, a indústria havia fechado 8.630 vagas. Um cenário bem diferente do que ocorre agora. “A confiança do empresário na economia e nos negócios, que também se elevou nos últimos quatro meses, sugere uma maior segurança para fazer investimentos e contratar mais trabalhadores”, explica.
Outro ponto, argumenta o economista, é o ritmo de imunização que vem avançando para faixas etárias mais jovens, que formam a força de trabalho. “A vacinação tem refletido em números mais favoráveis de controle da pandemia e isso interfere no ambiente econômico. Com mais pessoas retomando suas atividades, a tendência é de mais recursos circulando, aumento do consumo, produção acelerada nas fábricas e mais oportunidades no mercado de trabalho”, resume.
A recuperação de áreas como serviços e comércio também impactou positivamente na atividade industrial. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor de serviços representou 63% do PIB total do país em 2020 e o comércio, 12%. “A retomada destas atividades estimula a produção nas indústrias para poder atender à demanda gerada e isso incentiva o crescimento acelerado de todo o setor produtivo”, completa.
Com exceção de abril e maio, que foram meses críticos de dispensas geradas pela pandemia no ano passado, e dezembro, que é um período de sazonalidade por conta das vagas temporárias, desde julho a indústria vem gerando empregos. Nos últimos 12 meses, só dezembro registrou fechamento de postos de trabalho. Mas embora os números sejam expressivos, o ritmo de abertura vem diminuindo a cada mês. Foi de 9.529 empregos em fevereiro, passando para 5.475 em março, 4.046 em abril, 3.465 em maio e 3.858 agora.
Nos primeiros seis meses deste ano, dos 24 segmentos da indústria de transformação avaliados na pesquisa, só a fabricação de bebidas registra queda nas contratações (-44). Os que mais contrataram, foram confecções e artigos do vestuário (5.004), alimentos (4.964), madeira (3.692), produtos de metal (2.953), máquinas e equipamentos (2.850) e moveleiro (2.002).
Em junho, o destaque foi o setor alimentício, responsável por 30% dos novos empregos formais na indústria de transformação. Foram 1.157 novos trabalhadores admitidos. Madeira ficou em segundo lugar (500), seguida por minerais não-metálicos (355), máquinas e equipamentos (347) e confecções e artigos do vestuário (322). Somente quatro segmentos mais demitiram do que contrataram. Manutenção, reparação de máquinas e equipamentos (-333), fabricação de produtos de borracha e material plástico (-142), fumo (-91) e produtos têxteis (-86).
Thiago Quadros, também economista da Fiep, atribui o desempenho no mercado de trabalho ao bom ritmo de produção em alguns setores. Dos 13 setores avaliados pelo IBGE na pesquisa mensal até maio, os que mais cresceram este ano foram máquinas e equipamentos, madeira, automotivo, produtos de metal e moveleiro.
“O bom desempenho da produção de alguns setores nos cinco primeiros meses do ano contribuiu para um melhor resultado na geração de empregos em junho”, justifica. “Outro fato que chama a atenção são os empregos criados para atender à demanda de exportações. Neste primeiro semestre, houve crescimento, em valores exportados, de 105% em móveis e de 73% de madeira, principalmente para o mercado norte-americano, para onde foram 57% dos produtos de madeira exportados pelo Paraná e 14% dos móveis”, conclui.