Cotidiano

PF sugere arquivamento de inquérito contra Pedro Paulo

pedropaulo.jpgRIO – O delegado Luciano Soares Leiro, da Polícia Federal de Brasília, sugeriu à
Procuradoria Geral da República (PGR) que arquive o inquérito no qual o deputado
federal Pedro Paulo Carvalho (PMDB), pré-candidato à prefeitura do Rio, é
acusado de agredir a ex-mulher. Na avaliação do delegado, não é possível afirmar
se Pedro Paulo agrediu a empresária Alexandra Mendes Marcondes durante uma
discussão ocorrida em fevereiro de 2010. A informação foi divulgada nesta sexta-feira pelo
site da revista ?Época?.

As peças do inquérito, que se encontra sob sigilo da Justiça, estão com o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que não tem prazo para se
manifestar sobre o caso. Ele pode decidir encaminhar o processo para análise do
ministro Luiz Fux, que relata o caso no Supremo Tribunal Federal (STF), ou pedir
mais diligências à PF.

PERÍCIA INDEPENDENTE É CITADA

O caso passou a tramitar no STF em fevereiro, quando
Janot pediu a abertura do inquérito em foro privilegiado, já que o acusado é
deputado federal. Em seu relatório, Leiro relembra detalhes do processo original
contra Pedro Paulo. O delegado menciona um laudo independente encomendado pela
defesa do político e assinado pelo perito Roger Ancelotti. Já foi divulgado que
essa análise indica que Pedro Paulo é quem teria sido agredido e sofrido
lesões. Pedro Paulo 12/02

Leiro cita ainda uma defesa feita por escrito pelo deputado e apresentada em
dezembro do ano passado, quando o caso ainda tramitava em primeira instância no
Tribunal de Justiça do Rio. Pedro Paulo negou qualquer agressão, lembra o
delegado: ?Ele salientou que, ao contrário, foi agredido e somente se
defendeu?.

No relatório enviado à PGR, o delegado observou que
tanto Alexandra Mendes Marcondes quanto Pedro Paulo se submeteram a exames de
corpo de delito. No entanto, escreveu Leiro, peritos diferentes atenderam o
casal, mas nenhum deles fez exames em ambos. Com isso, ?os laudos não
possibilitam, com a certeza devida, constatar como os fatos ocorreram?, diz um
trecho do documento da PF.

O parecer encaminhado a Janot data de 19 de maio, quando
o deputado ainda ocupava a Secretaria Executiva de Coordenação de Governo do
município. Nome preferido de Eduardo Paes para concorrer à sua sucessão, Pedro
Paulo deixou o cargo na prefeitura no início desta semana, por exigência da
legislação, para poder disputar as eleições de outubro.

Por meio de uma nota, o deputado Pedro Paulo informou que aguarda a conclusão
do inquérito ?para que o episódio seja definitivamente esclarecido.? O deputado
lembrou que está à disposição da Procuradoria Geral da República e do Supremo
Tribunal Federal.

DIFERENTES VERSÕES

Em seu site, ?Época? lembrou que a ex-mulher de Pedro
Paulo prestou depoimento à Polícia Federal no dia 11 de abril em Brasília e, na
ocasião, apresentou uma versão diferente daquela que havia dado à Polícia Civil
do Rio em 2010, quando disse ter sido agredida. Na capital, ela declarou que, na
verdade, as agressões partiram dela, depois de ter encontrado objetos de uma
outra mulher no apartamento onde o casal morava. ?No dia seguinte, (Alessandra)
teve uma discussão com Pedro Paulo e, segundo diz, chegou ?a bater nele com a
mão, desferindo tapas?. O delegado perguntou se houve agressão do deputado.
Alexandra respondeu que não, ?ele apenas se defendia, me empurrando muitas
vezes, e cheguei a cair. Disse que se machucou, mas ainda deu ?tapas nas costas
do marido, que tentava sair??, relata a reportagem.

O episódio envolvendo Pedro Paulo deu origem a uma guerra de versões. Em um
primeiro momento, quando o caso veio a público, em outubro do ano passado, o
deputado chegou a dar declarações minimizando o episódio, afirmando que qualquer
um, durante uma briga conjugal, pode se exaltar.

? Quem não tem discussões e perde o controle? ? questionou Pedro Paulo em
novembro de 2015.

Antes do episódio de 2010, Alessandra já havia registrado, em 2008, uma
queixa contra Pedro Paulo, na qual acusou o deputado de ameaçá-la.