
Cascavel e Paraná - A PRF (Polícia Rodoviária Federal) divulgou nesta quarta-feira (17) um balanço das ocorrências de trânsito registradas nas rodovias federais do Paraná no primeiro semestre deste ano. Os dados apontam que 302 pessoas perderam a vida em sinistros de trânsito — um aumento de 8,2% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registradas 279 mortes. A elevação nos óbitos está relacionada, principalmente, a dois tipos de acidentes: colisões laterais no mesmo sentido e colisões traseiras, que cresceram 120% e 47,6%, respectivamente.
As colisões frontais e os atropelamentos concentram mais da metade das mortes em rodovias federais no Estado. A maioria dos óbitos ocorreu em trechos retos, com pista seca e em horários de baixa luminosidade. O superintendente da PRF no Paraná, Fernando César Oliveira, afirmou que cada número representa a dor e o sofrimento de famílias inteiras, destruídas pela perda repentina de entes queridos ou marcadas por lesões e sequelas graves, muitas vezes permanentes.
Segundo Oliveira, a colisão frontal segue sendo o tipo de acidente mais letal. Apesar de representar apenas 6,5% dos sinistros, foi responsável por 107 mortes — cerca de 35,4% do total. Esse tipo de acidente ocorre principalmente em decorrência de ultrapassagens proibidas ou malsucedidas e do excesso de velocidade. Em 2024, as colisões frontais resultaram em 94 mortes (33,6% do total). O crescimento nos óbitos indica o agravamento da gravidade desses acidentes.
Situação semelhante ocorre nos atropelamentos, que, embora representem apenas 4% dos registros (146 casos), foram responsáveis por 16,2% dos óbitos (49 mortes). Aproximadamente um terço dos atropelamentos resultou em morte, evidenciando a vulnerabilidade dos pedestres no trânsito.
Oito em cada dez mortes de pedestres aconteceram à noite, de madrugada ou em horários críticos de visibilidade, como o amanhecer e o anoitecer. Para reduzir os riscos, a PRF recomenda atitudes simples, como reduzir a velocidade e manter faróis e para-brisa em boas condições. Aos pedestres, a orientação é usar roupas claras, lanternas ou coletes refletivos, e sempre caminhar no sentido contrário ao dos veículos.
Acidentes
Nas rodovias federais atendidas pela PRF no Paraná — que somam quase 4 mil quilômetros — foram registrados 3.636 acidentes no primeiro semestre de 2025, com 4.017 feridos e 302 mortes. Os números superam os do mesmo período de 2024, quando houve 3.630 sinistros, 4.026 feridos e 279 mortos. Mais da metade dos óbitos (57%) continuam ocorrendo em rodovias de pista simples, onde as ultrapassagens são feitas na contramão.
Infrações
Entre janeiro e junho, foram registradas 6.534 infrações por ultrapassagens proibidas — média de uma a cada 40 minutos —, refletindo um cenário preocupante de desrespeito às normas de trânsito. As fiscalizações com radar flagraram 281.210 infrações por excesso de velocidade, uma a cada 56 segundos, em média.
A velocidade continua sendo um dos fatores mais críticos para a segurança viária. As três principais causas prováveis de sinistros têm relação com a velocidade: ausência de reação do condutor, reação ineficaz e o próprio excesso de velocidade. Juntas, essas causas aparecem em 1.458 ocorrências — 40% do total.
Outro dado alarmante é o aumento de 240% nas mortes em acidentes envolvendo motoristas alcoolizados: foram cinco óbitos no primeiro semestre de 2024, contra 17 no mesmo período de 2025. Além disso, 86,8% das mortes ocorreram em pista seca, 70,2% em trechos retos e 51,7% durante a noite.
Região de Cascavel
Segundo a PRF, das 302 mortes registradas no Estado, 39 ocorreram na região de Cascavel, que abrange mais de 500 quilômetros em cinco rodovias e 18 municípios — sendo a BR-369 a mais perigosa. O número é superior ao do mesmo período de 2024, quando foram registrados 30 óbitos. Houve aumento também na quantidade total de acidentes: 406 neste ano, contra 386 no ano passado. Os sinistros graves passaram de 101 para 108, e os sinistros com vítimas de 296 para 311 — todos os índices apresentaram crescimento.
“Muitas vezes, isso é causado pelo uso do celular, que desvia a atenção do motorista para o que está acontecendo na tela, e não na via. Quando identificamos uma área com maior concentração de acidentes, direcionamos nossos esforços para lá, com reforço de equipes, plantões, comandos e rondas”, destacou Neo Gonçalves, da PRF.
Ela ressaltou a importância da conscientização dos motoristas para reduzir os números de acidentes, feridos e mortos. “Mais de 90% dos acidentes são causados por condutas inadequadas dos motoristas. A partir do momento em que houver consciência e respeito às normas, os números certamente vão cair”, concluiu.