JORNAL O PARANÁ

Minha história: Do jornalismo da máquina de escrever à IA

Redação do Jornal O Paraná na década de 1990: Da direita para esquerda, Jean Paterno, Vandré Dubiela, Luciano Monteiro, Jéferson Lobo, Eduardo Serralheiro - Ronaldo Kracieski e Mário Lemanski (in memorian) - e Antonio Oliveira - Foto: Lorena Manarin/Arquivo
Redação do Jornal O Paraná na década de 1990: Da direita para esquerda, Jean Paterno, Vandré Dubiela, Luciano Monteiro, Jéferson Lobo, Eduardo Serralheiro - Ronaldo Kracieski e Mário Lemanski (in memorian) - e Antonio Oliveira - Foto: Lorena Manarin/Arquivo

Cascavel - Como em todo o início de semana, a equipe de jornalismo do Jornal O Paraná se reúne na Redação para planejar a edição e discutir pautas. Além dos assuntos factuais, a semana é de comemoração pelos 49 anos do Jornal O Paraná, um dos mais antigos diários impressos em circulação do interior do Estado, que venceu o tempo e o advento das novas tecnologias propagadas pela Era Digital, informando o leitor sobre as notícias de Cascavel, da região Oeste, do Paraná, do Brasil e do mundo.

Em determinado ponto da conversa, o editor-chefe, Paulo Alexandre de Oliveira, sugeriu que entrevistássemos o mais antigo colaborador do Jornal O Paraná ainda em atividade. É aí que eu, Vandré Dubiela, entro em cena. Com muito orgulho, ostento na minha carteira de trabalho a data de minha admissão no Jornal O Paraná: 1º de junho de 1990. Já se passaram 35 anos da primeira vez que coloquei meus pés na Redação do Jornal de Fato.

Meu primeiro contato com o Jornal O Paraná surgiu antes mesmo de se transformar em colaborador do diário. No fim da década de 1990, todas as manhãs, por volta das 7h30, batia no vidro da janela do departamento comercial, para buscar a edição do dia e levar para os diretores da HM (Hermes Macedo), conceituada loja de utilidades da década de 1980 que liderou o comércio varejista pelo Brasil.

Como office-boy, recebia os exemplares das mãos da Tia Genésia, que na época respondia pela limpeza do jornal e preparação do café. Colocava os exemplares debaixo do braço e partia para vencer a pé a distância de cerca de um quilômetro ao longo da Rua Pernambuco. Passados alguns meses, fiquei sabendo que a Marisina, nossa vizinha de porta no Residencial Quinta do Sol trabalhava no Jornal O Paraná e, em conversa com minha saudosa mãe, Neuza Maria Dubiela, falou que estavam à procura de alguém para ficar responsável pelo arquivamento das fotos de papel, ainda P&B.

Jornalista Vandré Dubiela, nos dias atuais, na Redação do Jornal O Paraná – Foto: Paulo Eduardo

‘120 por minuto’

Mas antes, da contratação, era precisa participar da entrevista e de um teste de habilidade na máquina de datilografar. Salvo engano, era preciso teclar pelo menos 120 palavras por minutos. Foi nessa hora que todo o esforço dedicado na Escola de Datilografia Carminha, foi recompensado e consegui passar no teste.

Dias depois, aquele garoto de apenas 16 anos começava a pavimentar a sua longa jornada dedicada ao jornalismo. De arquivista de fotos, fui “promovido” a editor da “Folhinha”, um espaço no jornal dedicado a mostrar a agenda de acontecimentos da cidade, como bailes, encontros e outros eventos do gênero. Aquela atmosfera era única. O som das máquinas de datilografar soava como música para os meus ouvidos.

Minha primeira reportagem especial de uma página, publicada no Jornal O Paraná, era sobre o aniversário de 2 anos de morte do cantor Raul Seixas. Ela foi veiculada em agosto de 1991. Na ocasião, entrevistei um de seus fãs que procurou o jornal para mostrar um farto material contando a história do cantor em publicações e fotos. Quando a reportagem saiu, mostrei com orgulho aos meus amigos e familiares o meu primeiro texto publicado no impresso, a quem eu agradeço principalmente a oportunidade concedida pelo proprietário do jornal na época, Emir Sfair (in memorian), e pelo seu filho, Mauro Sfair, que respondia pelo fechamento da página 2. Desde então, minha trajetória no Jornal O Paraná foi moldada pelas passagens em todas as editorias: Esporte, Local, Policial, Variedades, Política, algumas notas na coluna social da querida Rose Bracht (in memorian), até ser chamado para a Editoria Regional, com quem dividi a missão ao lado de um dos meus principais gurus, o jornalista Jean Paterno.

Redação do Jornal O Paraná na década de 1990: Da direita para esquerda, Jean Paterno, Vandré Dubiela, Luciano Monteiro, Jéferson Lobo, Eduardo Serralheiro – Ronaldo Kracieski e Mário Lemanski (in memorian) – e Antonio Oliveira – Foto: Lorena Manarin/Arquivo

Caminhos do Oeste

Foram anos e anos de reportagens percorrendo os municípios da região Oeste, atrás de matérias excêntricas dos municípios. Mais tarde, iria se somar ao time o não menos importante jornalista Luciano Barros. No jornal, vivenciei a transição da máquina de datilografar para o computador. A chegada da internet que sepultou de vez o faz e o telex. Da máquina de datilografar agora experimento uma nova geração midiática, dominada pela IA (Inteligência Artificial).

Entre idas e vindas no Jornal O Paraná, hoje ainda ostento o privilégio de fazer parte dessa família chamada O Paraná. Os dias na Redação são de muita responsabilidade na produção de reportagens sobre Agronegócio e com espaço para descontração, ao lado dos colegas Paulo Alexandre (editor-chefe) e dos jornalistas Katúscia da Silva, Paulo Eduardo, Mateus Barbieri, Nileide Herdina e Priscila Hlatki. Várias são as histórias vividas ao longo de mais de três décadas de jornalismo e a palavra que resume tudo isso é Gratidão. (Vandré Dubiela)