Cotidiano

Marcha da Maconha pede fim da guerra na periferia

SÃO PAULO – Pela legalização da maconha, usuários e simpatizantes se reúnem para um “maconhaço” na Avenida Paulista, na tarde ensolarada deste sábado. Criada em 2008, a “Marcha da Maconha” defende nesta edição o lema ?Fogo na bomba e paz na quebrada?, referente ao “fim da hipocrisia e da guerra contra as drogas na periferia”, que é onde mais se morre em decorrência do combate às drogas, segundo uma das organizadoras do ato, a estudante de jornalismo Talula Mel, de 24 anos. Grupos como o Desentorpecendo a Razão (DAR) e de famílias que defendem o uso da erva para fins medicinais apoiam o movimento.

O evento começou a tomar forma a partir das 15h, no vão do Masp. Diversas faixas e bandeiras onde se lê frases como “legalize já” foram dispostas no chão. Grupos trouxeram cartolinas e muitas tintas e, ali mesmo, produzem seus cartazes, embalados por batuques promovidos por músicos. Alguns preferiram pintar no rosto a folha da maconha. A polícia acompanha a movimentação de longe.

O “maconhaço” é a novidade do ano. Segundo Talula, desde 2011, quando a Marcha da Maconha foi liberada pelo Superior Tribunal Federal (STF), os adeptos se sentem mais confortáveis para usar a droga.

– Esse ano resolvemos, de fato, organizar o ato como um momento político. Será algo bem coletivo e estão todos avisados do que vai acontecer. Tanto que mandamos uma carta simbólica de desconvite à polícia, para dizer que ela não precisa aparecer – comenta ela.

Paulo, como preferiu se identificar, de 23 anos, exibe aos amigos um novo meio que descobriu para fumar maconha, utilizando uma máscara de gás adaptada com uma mangueira Segundo ele, que gastou R$ 80 na invenção, “dá para economizar mais e não desperdiça”.

– É a primeira vez que participo de um evento como esse. É legal para confraternizar – afirma.

A estudante Gabriele Lopes, de 17 anos, também está debutando no evento, com apoio da mãe. Segundo ela, a família acredita na importância de debater sobre o tema.

– Muita gente fuma escondido com medo da repressão. Está na hora de falar abertamente sobre isso e liberar o uso – prega Gabriele.