OPERAÇÃO

Luto: Moradores manifestam o sentimento de insegurança que anda ‘rondando’ a cidade

A insegurança em Cascavel cresce a cada dia. Entenda o que os moradores estão fazendo para reivindicar segurança - Foto: Divulgação
A insegurança em Cascavel cresce a cada dia. Entenda o que os moradores estão fazendo para reivindicar segurança - Foto: Divulgação

Cascavel - O sentimento de insegurança e de indignação que anda “assombrando a cidade” vem tomando uma proporção maior a cada dia que passa. Nas mais diferentes formas de expressão, grupos organizam abaixo-assinado, outras manifestações e neste fim de semana moradores de um prédio no centro da cidade hastearam uma faixa bastante alta de luto para indicar a sensação de medo e reivindicando segurança para todos os cascavelenses.

Toda esta situação acabou sendo inflamada há exatamente uma semana com a morte de Luis Lourenço – brutalmente assassinado enquanto fazia uma caminhada nas proximidades do Parque Vitória, Bairro Cancelli, nas primeiras horas da manhã. Ele foi morto por um morador de rua que desferiu vários golpes contra ele com um pedaço de concreto envolto em um cano de PVC. O assassino foi morto logo em seguida após ameaçar um policial civil e, inclusive machucá-lo com parte de uma tesoura de jardim.

Neste domingo (30), um grupo de moradores e amigos de Luis se reuniu próximo à Feira do Teatro segurando faixas e cartazes pedindo por mais segurança. Eles estavam vestidos de preto, alguns com a foto de Luis estampada na camiseta e expressando o sentimento de indignação pelo ocorrido. A manifestação foi pacífica e teve a participação de um grupo que, inclusive, leu uma carta durante o protesto descrevendo o sentimento deles, que foi encaminhada às autoridades de segurança. Ao fim, balões brancos foram soltos para representar o pedido de paz.

Outro grupo continua divulgando por meio de grupos de redes sociais um abaixo-assinado que vai montar uma petição pública exigindo mais segurança. A iniciativa começou com moradores dos bairros Cancelli, Country e Canadá, mas já está envolvendo moradores de toda a cidade, que partilham do mesmo sentimento. Ela pode ser assinada por meio do endereço eletrônico – https://peticaopublica.com.br/?Pi=cascavelmaissegura.

Edifício no Centro da cidade colocou uma faixa de luto devido à sensação de insegurança – Foto: Vandré Dubiela/O Paraná

Novos episódios

Neste fim de semana, outros episódios envolvendo moradores de rua acabaram virando notícia. No sábado (29) pela manhã, um morador de rua depois de não ter o pedido de ajuda atendido pegou um pedaço de madeira e bateu em um veículo estacionado. Em seguida, o empresário dono do estabelecimento saiu e o agrediu, mas logo a Polícia Militar que já havia sido acionada o deteve e o encaminhou para a Delegacia Cidadã.

No mesmo dia, outra situação acabou sendo atendida pelos agentes da Transitar. Outro morador de rua estava ameaçando pedestres com pedaços de paver arrancados de uma calçada e acabou sendo imobilizado pelos agentes até a chegada da Polícia Militar.

Operação

Na manhã desta segunda-feira (31) o secretário municipal de Segurança Pública de Cascavel, Coronel Lee, que inclusive noticiou um dado alarmante na semana passada – que tem morador de rua que chega a ganhar R$ 8 mil reais pedindo esmola – realizou uma coletiva de imprensa para apresentar dados da Operação Blindagem desencadeada de fevereiro até agora e que já retirou uma grande quantidade de armas das ruas, de todos os tipos.

A força-tarefa envolve a Guarda Municipal e Guarda Civil Patrimonial que está nas ruas todos os dias pela segurança dos moradores. Os dados mostram que do dia 5 de fevereiro até domingo dia 30 de março foram realizadas: 4.342 abordagens, 112 prisões, 25 veículos foram recuperados e o que chama mais atenção é a grande quantidade de objetos perfurocortantes que somaram 1.131 e ainda 1.141 cachimbos, utilizados para fumar drogas.


Para o secretário o trabalho está envolvendo outras secretarias que também são afetadas pelo problema, como a Assistência Social, Anti-Drogas e a Saúde. “Precisamos que a população venha junto com a gente e entenda a gravidade da doação de esmolas, que é a grande mola propulsora de toda violência. Estamos atentos a isso e oferecendo todas as condições possíveis para que a pessoa em situação de rua seja reinserida na sociedade, seja com comida, com roupa, higiene, o próprio emprego e ainda o retorno dessas pessoas às cidades de origem. A doação das esmolas vai, sim, parar na rede de tráfico”, alertou.

“Recebemos uma herança pesada e estamos trabalhando firme e nesses poucos mais de 30 dias conseguimos apreender um vasto material de arrombamento. Além disso, o modo operante dos moradores de rua mudou, porque a população entendeu a gravidade da situação da esmola mesmo”, reforçou. Sobre o valor ele disse que é um dado levantado pelo grupo que faz toda uma pesquisa com os moradores que relatam que tiram cerca de R$ 350 por dia, em média, com as esmolas.

Lee disse ainda que não dá para ficar esperando “mudar uma lei para fazer alguma coisa”, e a população tem pressa, porque a situação é gravíssima. “Na verdade, se nós não precisamos mudar lei, não precisamos ter mais leis, nós temos que colocar elas para funcionarem, essa situação do Lourenço isso é barbárie. Precisamos das informações e do apoio de todos. 

A população, inclusive, pode contribuir com a Operação Blindagem fazendo denúncias à Guarda Municipal pelo telefone 153, além da própria Polícia Militar pelo 190. “A população está acreditando nas forças de segurança. Como a gente sempre fala, não existe polícia no mundo sem informações. Essa pequena informação que você, o popular, sabe, é fundamental. Nós precisamos das informações”, reiterou.

Um total de 1.131 objetos perfurocortantes foram apreendidos desde fevereiro até o último domingo – Foto: Secom

Apoio

Somente neste ano de 2025, a Secretaria de Assistência Social também já emitiu mais de 200 passagens para que andarilhos voltassem à cidade de origem. Além disso, há ainda o trabalho de acolhimento para aqueles que realmente querem mudar de vida, com a rede da Casa Pop, Centro Pop e Albergue. Quem busca encaminhamento para o mercado de trabalho também recebe auxílio da Prefeitura para encontrar.


A Secretaria Especializada de Cidadania, da Proteção à Mulher e Políticas Sobre Drogas também já fez neste ano 23 encaminhamentos de pessoas em situação de rua para casas terapêuticas e clínicas especializadas para o trabalho de reabilitação de dependentes químicos.

Para oferecer realmente uma chance de mudar de vida, a Prefeitura de Cascavel encabeça a campanha “Sua esmola não ajuda, acione a Abordagem Social”. A ação de caráter educativo visa sensibilizar a comunidade a ajudar sem dar dinheiro, mas acionando o serviço da Abordagem Social, que atende em regime de plantão das 7h às 0h, pelo telefone (45) 98431-6376.