Cotidiano

Inverno se despede com balanço atípico, chuva e nova previsão de “frio"

Inverno se despede com balanço atípico, chuva e nova previsão de “frio"

Cascavel – “Deu a louca no clima!” Essa foi a frase usada pelo o agro meteorologista da Unioeste, o professor Reginaldo Ferreira Santos, para definir o inverno de Cascavel e da Região Oeste, que se despede essa semana para a chegada da primavera. O inverno começou no dia 21 de junho e vai embora na próxima quinta-feira, dia 22 de setembro, depois das 22h, marcado situações bastante atípicas para a estação, além de iniciar a semana com chuvas torrenciais e deixar uma nova previsão de frio para os próximos dias.

Para o professor da Unioeste, que trabalha com o acompanhamento do tempo, não é preciso entender tecnicamente de clima para perceber que esse ano está bem diferente, já que mesmo no fim do inverno, nesta segunda quinzena de setembro, os dias estão mais gelados, com bastante chuva e ainda previsão de novo onda de frio avançando mesmo com a chegada da primavera: há previsão de chuva e frio até o fim desta semana, com mínimas entre 6 e 8 graus.

Santos explicou que assim como em Cascavel e região, estão ocorrendo mudanças climáticas em todo o globo e que até as projeções que antes eram para 20 e 30 anos, agora são de 2 para 3 anos. Muitas dessas mudanças, ocorreram pela presença do efeito La Ninã, que é o resfriamento das águas do Oceano Pacífico e que influenciam todo o clima, trazendo diversas “anomalias no clima”.

O professor analisou o inverno deste ano e lembrou que, após o frio “precoce” registrado em maio, os meses de junho e julho foram bastante atípicos, com temperaturas elevadas e clima seco; agosto e setembro registraram chuvas e temperaturas mais baixas. “Para a agricultura foi complicado, já que julho foi marcado por temperaturas mais altas do que a média e isso interfere no desenvolvimento das culturas de inverno que são para as temperaturas mais baixas, como aveia e o trigo; isso é preocupante”, salientou.

Florada antecipada

Outra situação atípica foi o florescimento de árvores antes da chegada da primavera, como por exemplo, dos ipês. “Houve uma antecipação da florada, devido as temperaturas elevadas, mas de forma precoce, com o solo seco. Outra situação foi a antecipação também de florescimento de árvores frutíferas em outras regiões, que vão refletir na qualidade dos alimentos”, constatou.

Além disso, Reginaldo lembrou que no começo do ano os produtores tiveram perdas na soja e em outras culturas por falta de chuvas, mas que agora neste mês de setembro, já choveu uma média de 1,5 mil milímetros, mais do que o ano passado todo; em 2021 foram 1,2 mil mm. “Temos um clima de bastante chuvas e de temperaturas bagunçadas, difícil de entender”, reforçou o professor, que acredita que a primavera volte a regular o clima dentro das características da estação.

Volta ao normal?

O meteorologista da Unioeste disse que deve ocorrer uma normalização do clima porque o fenômeno Lá Ninã está entrando em período de neutralidade e, com isso, deixa as condições climáticas mais estáveis, com estabilidade das chuvas e de temperatura. “A chuva é boa para elevar o nível dos rios e do lençol freático, mas em muita quantidade é preocupante para a agricultura, porque pode prejudicar o que está plantado; não deixa produtores plantar e nem colherem”, salientou.

Outra característica da falta de frio nos meses de junho e julho, segundo o professor, é a proliferação de insetos. Segundo o professor, é importante ter um inverno rigoroso, com temperaturas mais baixas, eliminando micro organismos e insetos, para que a primavera e o verão sejam mais saudáveis, tanto para o ser humano, quanto para animais e as plantas.

Foto Celso Dias