Cotidiano

Governo abre sindicância para apurar denúncia de que Dilma furou fila para se aposentar

BRASÍLIA – O suposto tráfico de influência do ex-ministro da Previdência, Carlos Gabas, para homologar a aposentadoria da presidente cassada Dilma Rousseff com renda mensal de R$ 5.189,82 no dia seguinte a aprovação do impeachment, furando a fila do INSS, será investigado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário. Após divulgação da reportagem “Dilma furou a fila para se aposentar”, da revista ?Época?, o Secretário Executivo do Ministério , Alberto Beltrame, divulgou nota no início da tarde para comunicar as providências para apurar o caso e punir eventuais responsáveis. Gabas e outros servidores já foram afastados dos cargos que ainda ocupavam para não interferir nas investigações.

Beltrame determinou à presidência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), autarquia vinculada à pasta ?imediata abertura de Sindicância e Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar responsabilidades dos servidores Carlos Eduardo Gabas, Iracemo da Costa Coelho, Fernanda Cristina Doerl dos Santos e de outros eventuais envolvidos nos fatos ocorridos sem o conhecimento da atual gestão.

O Secretário Executivo exonerou dos cargos de confiança ocupados os servidores envolvidos – Iracemo da Costa Coelho e Fernanda Cristina Doerl dos Santos -, ambos designados para os cargos pelo governo Dilma Rousseff. A decisão estará publicada no Diário Oficial da União da próxima terça-feira .

De acordo com reportagem da Revista Época, menos de 24 horas depois do impeachment de Dilma Rousseff, um de seus aliados mais próximos, o petista Carlos Eduardo Gabas, entrou pelos fundos da Agência da Previdência Social do Plano Piloto, acompanhado de uma mulher munida de uma procuração em nome de Dilma, passou por uma porta de vidro em que um adesivo azul-real estampava uma mão espalmada com o aviso: ?Acesso apenas para servidores?.

Ainda segundo a revista, o acesso não foi negado a Gabas, ex-secretário executivo e ex-ministro da Previdência do recém encerrado governo Dilma, homem influente na burocracia dos benefícios e aposentadorias entre 2008 e 2015.

?No papel agora de pistolão, Gabas subiu um lance de escadas até uma sala reservada, longe do balcão de atendimento ao público, onde o esperava o chefe da agência, Iracemo da Costa Coelho. Com a anuência de outras autoridades do INSS,o trio deu entrada no requerimento de aposentadoria da trabalhadora Dilma Vana Rousseff. Foi contabilizado um tempo de contribuição previdenciária de 40 anos, nove meses e dez dias. Quando Gabas saiu da sala, Dilma estava aposentada, com renda mensal de R$ 5.189,82, teto do regime previdenciário?, diz a reportagem.

O tempo médio de espera para que um cidadão consiga uma data para requerer aposentadoria em uma agência da Previdência é de 74 dias, segundo informações do INSS ? 115 dias no Distrito Federal, onde o pedido de Dilma foi feito. A Revista Época diz que não há rastro de agendamento no sistema do INSS para que Dilma (ou alguém com uma procuração em seu nome) fosse atendida naquele 1º de setembro ou em qualquer outra data.

O atual secretário executivo Alberto Beltrame solicitou ainda o acompanhamento dos órgãos de controle para a verificação dos fatos mencionados pela reportagem e também eventual ilegalidade nas alterações cadastrais constatadas