RIO – Se o governo Temer quiser recuperar a confiança de investidores internacionais no Brasil, estabilidade política e medidas pró-mercado de capitais são o binômio que basta. Como admite o britânico Paul H. conteúdo_1705 Smith, presidente do CFA Institute ? associação sem fins lucrativos que emite uma das certificações profissionais mais importantes e cobiçadas das finanças globais ? os investidores estrangeiros ?nem sempre são inteligentes o bastante para avaliar se um governo é bom ou não para um país?. Em vez disso, concentram-se em sinais mais amplos como aqueles na hora de escolher onde colocar o dinheiro.
? Eles olham mesmo é o quadro geral, não necessariamente entendem os detalhes. E eles vão olhar principalmente para a estabilidade e mudanças nas políticas. Quando virem esses sinais, você verá esses investidores vindo para o Brasil rapidamente ? disse Smith ao GLOBO no Rio, onde participou de reuniões com executivos e com o comando da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). ? Eles têm o mundo inteiro para investir e eles não são obrigados a vir para o Brasil. Quando há desafios, incertezas, eles olham para outro lugar porque o risco é desproporcional.
Segundo o presidente do CFA Institute, a Argentina oferece alguns indicativos sobre a eficácia rápida desse receituário.
? O caso da Argentina ilustra bem como o sentimento estrangeiro pode mudar rapidamente. Ainda é cedo para avaliar o governo Macri, mas fez coisas certas, como o acordo com os detentores de títulos, e tem sido transparente. O país já voltou aos mercados ? acrescentou.
Em sua passagem pelo Brasil, além da CVM, Paul H. Smith encontrou-se com integrantes da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), responsável pela supervisão dos fundos de pensão. Essa é uma das áreas que o CFA vê maior necessidade de adequação às normas de certificação.
? Os fundos de pensão também precisam adotar esse tipo de certificação. É a ideia de que é preciso garantir que o profissional que gerencia o dinheiro de outras pessoas tenha esse tipo de sofisticação ? afirmou Sonia Villalobos, presidente do CFA no Brasil. ? Os diretores da Previc se mostraram bastante abertos.
GOVERNANÇA ME 1º LUGAR
A certificação dos profissionais do setor, segundo Smith, é um dos pilares da governança corporativa. Essas boas práticas, por sua vez, devem ser um pré-requisito na hora de o pequeno investidor aplicar seu dinheiro. Smith lembrou da impressão ruim que os escândalos do grupo X e da Petrobras deixaram no mundo todo.
? Não há fórmula mágica, mas eu diria que o principal é olhar a governança corporativa, saber quem está no conselho, saber o grau de independência dos conselheiros. Esses são indicadores-chave. Abaixo disso está a transparência dos dados que a empresa produz. Se esses números são opacos, o sinal amarelo deve acender ? afirmou.