RIO ? O Grajaú foi um bairro projetado há 102 anos. Construído em uma época na qual automóveis eram para pouquíssimas pessoas, não teve um plano que focasse no estacionamento público. Desde então, o bairro não conseguiu dar vazão à quantidade de carros que crescia a cada ano, o que gerou um grande problema: a escassez de estacionamento permitido nas vias públicas.
Preocupados com a questão, parte dos moradores procurou a CET-Rio em 2008 pedindo que o canteiro central das avenidas Engenheiro Richard e Júlio Furtado, duas das principais do bairro, fossem liberadas para o estacionamento. O órgão concordou, e desde então é permitido parar por toda a extensão dos canteiros. Como o local é formado por tamarineiras centenárias tombadas pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, a CET-Rio estabeleceu que o estacionamento seria provisório, mas ele se mantém até hoje.
A ação constante dos carros no solo e nas raízes pode prejudicar as árvores, pois um terreno pouco arejado dificulta a absorção da água da chuva e de nutrientes. A situação deixa moradores do bairro com uma pulga atrás da orelha. É o caso do arquiteto urbanístico Giuseppe Badolato, de 81 anos, morador do bairro desde 1948.
? O grande diferencial do Grajaú é o seu clima bucólico e a sua natureza. E esse estacionamento está aos poucos afetando essa belas e históricas tamarineiras. Já vi até ônibus e caminhões de carga parados ali. Isso não pode ocorrer. Uma vez feita a Apac (em 2014) do bairro, é preciso que se planeje uma remodelação do bairro, olhando não só o aspecto do estacionamento incorreto, mas de calçadas, limpeza, transporte de ônibus e iluminação pública. Esse bairro é um patrimônio da cidade, e deve ser olhado com carinho ? aponta Badolato.