A fila de espera por uma cirurgia eletiva pelo o SUS (Sistema Único de Saúde), historicamente, sempre teve uma grande quantidade de pacientes. Com a chegada da pandemia, a situação se agravou ainda mais, já que o foco principal dos trabalhos acabou sendo o atendimento dos pacientes de Covid-19, que desde o começo de 2020, criou uma série de mudanças no setor de saúde de todo o mundo. O fato é que, com isso, a fila parou e existe uma grande quantidade de pessoas aguardando por uma cirurgia depois de anos de espera.
Dados da 10ª RS (Regional de Saúde) de Cascavel, que abrange 25 municípios da Região Oeste, revelam que, atualmente, existe uma fila de espera com 6,5 mil pacientes nas diversas especialidades. Lilimar Mori, diretora da 10ª Regional de Saúde, explicou que as cirurgias estão acontecendo e foram reforçadas por meio do Programa Opera Paraná, que iniciou efetivamente no final do mês de julho.
Nos primeiros três meses do programa, foram realizados cerca de 500 procedimentos nos oito hospitais contratados pelo programa, sendo que os procedimentos incluem o atendimento desde o pré-operatório até o acompanhamento após a cirurgia realizada. “Dos R$ 15 milhões para a macrorregião oeste, temos um saldo de R$ 5 milhões que podem ser utilizados, à medida que os serviços forem cumprindo seus contratos”, disse a diretora.
No Paraná
Esta semana a Sesa (Secretaria de Estado de Saúde) divulgou um balanço das cirurgias eletivas que foram realizados no estado de janeiro a agosto de 2022, um total de 295.020 de procedimentos hospitalares e ambulatoriais em todo o Paraná. A quantidade representa 89% do total de cirurgias realizadas durante todo o ano de 2021 e, praticamente, iguala o total de 2020. Os dados de 2022, no entanto, ainda são os menores dos últimos cinco anos: em 2018 foram 497.679 procedimentos; em 2019, 509.733; em 2020, 297.864; e em 2021, 331.787.
Segundo a Sesa, deste total, 9.170 cirurgias já estão dentro das ações do programa Opera Paraná, lançado neste ano, que credencia hospitais e financia os procedimentos. O programa tem um pacote de investimento de R$ 150 milhões do Tesouro do Estado com o objetivo de ampliar os procedimentos cirúrgicos eletivos regulares, de maneira descentralizada e regionalizada, atendendo a demanda represada.
Além disso, o Governo do Estado também destinou mais R$ 10 milhões para o Comboio da Saúde, com foco nas demandas de pacientes com catarata e pterígio. Dentro do Opera Paraná e do Comboio da Saúde, já foram realizados 13.809 atendimentos, sendo que parte destes pacientes é encaminhado para cirurgia e parte não precisa efetivamente de procedimento cirúrgico.
Gargalo da saúde
O secretário Beto Preto, que voltou ao comando da Saúde estadual até o final do ano, já que foi eleito deputado federal pelo PSD com 206.885 votos, quarto mais votado do Paraná, disse que as cirurgias eletivas são um gargalo histórico na saúde pública de todo o Brasil, mesmo antes da pandemia, mas com a chegada da Covid-19 as filas aumentaram e que, por isso, novos investimentos foram feitos e criado o Opera Paraná, para ampliar o número de cirurgias eletivas, diminuindo essa fila de espera, além da retomada habitual que os hospitais já realizam os procedimentos.
Atualmente, estima-se que pelo menos 200 mil procedimentos eletivos e 300 mil consultas médicas especializadas ainda precisem ser realizadas no Paraná. Essa fila está sendo compilada em um programa de gestão que integre os dados do Estado, município e consórcios. A expectativa é que o Opera Paraná seja responsável por pelo menos 60 mil cirurgias a mais do que o habitual até 2023.
A primeira fase do Opera Paraná contempla as especialidades, de acordo com a ordem de prioridade: sistema osteomuscular; aparelho digestivo; aparelho da visão; aparelho geniturinário; vascular; das vias aéreas superiores e do pescoço. Estas são as cirurgias com maior demanda, abrangendo a área geral, ortopédica, vascular, otorrino, oftalmologia e geniturinário.
A vigência da fase inicial terminava no começo de novembro deste ano, mas considerando a necessidade dos serviços de saúde em realizarem as adequações necessárias para ampliar os atendimentos, a Sesa prorrogou o prazo da primeira fase até 30 de novembro de 2023. “O nosso objetivo é normalizar a fila de atendimento, então essa prorrogação pode se estender ainda mais se houver dificuldade dos prestadores porque queremos que as cirurgias sejam realizadas”, afirmou Beto Preto.