Cotidiano

Conte até 10: Campanha busca reduzir número de crimes fúteis

Conte até 10: Campanha busca reduzir número de crimes fúteis

A quantidade de crimes cometidos por motivos fúteis, impulsionados pelo ímpeto ou cometidos em momentos de fúria, estão chamando a atenção e causando muita preocupação tanto na população em geral, quanto nas autoridades e nas entidades da sociedade civil organizada de Cascavel. Para chamar a atenção de todos para o problema, o Ministério Público de Cascavel, em parceria com a Polícia Civil, está reativando a Campanha “Conte até 10”.

A reportagem do Jornal O Paraná conversou com Alex Fadel, promotor de justiça da 16ª Promotoria de Cascavel, que deu detalhes da campanha. Segundo ele, a razão é justamente porque a cidade está tendo problemas seríssimos com relação à falta de paciência, intolerância e aumento da violência. “São muitas mortes que deixam a sociedade estarrecida e, por isso, estamos retomando essa campanha que iniciou em 2012, pelo Conselho Nacional do MP e adaptando a nossa realidade local”, explicou Fadel.

O promotor disse que pediu autorização para retomar a campanha, desde que a cidade se tornou palco de casos de notícias nacional. Algumas reuniões já foram realizadas com a Polícia Civil, parceira na campanha e com a Comissão de Segurança da Câmara Municipal, que também participará das ações. No dia 3 de agosto, haverá uma reunião pública na Câmara dos Vereadores para discussão de uma rede de proteção em favor das vítimas de crimes graves e seus familiares.

 

Campanha permanente

Conforme Fadel, a ideia é manter a campanha de forma contínua, envolvendo vários órgãos e as famílias tanto das vítimas, quanto dos réus, já que esse tipo de caso envolve muitas pessoas. “A família sempre sofre junto. No caso do Elias, que assassinou o jovem Aílson, às 7h30 da manhã, levando os filhos para a escola, temos que pensar no impacto que isso vai causar na vida dessas crianças. E, por isso, queremos alertar a todos os cidadãos quando se envolverem em alguma situação independente de qual seja, conte até 10”, reforçou.

Elias da Silva Pires foi condenado a 19 anos, 10 meses e 15 dias por matar a tiros Aílson Augusto Ortiz, de 22 anos, durante uma discussão de trânsito. Os jurados consideraram Elias culpado por homicídio duplamente qualificado, com qualificadoras de motivo fútil e por impossibilitar a defesa da vítima. “Qualquer um pode errar, pode se envolver em uma discussão. Mas, isso não é motivo para ninguém tirar a vida de outra pessoa”, destacou o promotor de justiça.

Alex Fadel lembrou que Cascavel está se tornando exemplo para muitas cidades no caso de celeridade de processos, principalmente, em casos envolvendo as brigas de trânsito, se referindo ainda ao caso de Aílson. Do dia do crime até a condenação foram apenas 94 dias e, para Fadel, isso é uma situação conquistada nos últimos dias e que deve ser divulgada. “Trabalho há 6 anos nesta cidade e já peguei muitos casos, mas não como neste ano, casos que chamam ainda mais a atenção pela a quantidade de imagens que envolvem os fatos”, relatou Fadel.

Sobre a campanha, o promotor disse que têm ainda muito trabalho pela frente e que a intenção é atingir o máximo de pessoas possível, pela própria imprensa que será uma grande parceria nessa ação.

 

Na fila do ‘Mac’

Nesta semana um dos casos de grande repercussão que foi a morte por um desentendimento na fila do McDonald’s teve um novo desdobramento. O empresário Adinei Anélio Rotta, de 44 anos, acusado de matar Gabriel Gomes Baiça Neto, de 26 anos, foi preso na quarta-feira (20), na sua casa em Céu Azul. O Ministério Público pediu a revogação da prisão em regime semiaberto, que foi concedido pela Justiça, que determinou a prisão em regime fechado, mandado expedido pela a 1ª Vara Criminal de Cascavel.

O crime ocorreu no dia 22 de maio, um domingo de noite e virou notícia nacional, já que os moradores do prédio ao lado gravaram a briga e o momento em que Adinei desfere o golpe contra Gabriel. Rotta ficou um tempo foragido após o crime e teve a sua prisão preventiva revogada pela Justiça no dia 13 de junho, passando a usar tornozeleira eletrônica, decisão agora suspensa.

O pedido da prisão foi feito pelo o promotor Alex Fadel, que contou que em entrevista a uma emissora de televisão em rede nacional, Rotta confessou estar portando um canivete o que descumpre a decisão da medida cautelar que o mantinha solto que deixa claro que ele não poderia portar nenhum tipo de arma. Agora correm os prazos para a audiência de instrução para que Rotta e todas as testemunhas sejam ouvidas e o juízo decida se o caso irá a júri popular ou não.

 

‘Contra o ônibus’

Outro caso de repercussão nacional que chama atenção pelas imagens chocantes, foi o caso do jovem Airton Guilherme, 21 anos, que foi atropelado por um ônibus após sofrer agressão durante uma discussão noite do dia 14 de maio da Rua Paraná, após esbarrar no agressor. Airton ficou 32 dias internado e no dia 22 de junho, realizou exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal de Cascavel. O jovem foi o último ouvido pela Polícia Civil no inquérito que está tramitando e que já ouviu cinco testemunhas.