Reportagem: Cláudia Neis
Toledo – Com a retomada econômica, vendas acima das expectativas no Dia das Crianças e as festas de fim de ano se aproximando, os empresários estão otimistas com a movimentação para as festas e estão repondo os quadros de funcionários que foram reduzidos durante a pandemia. Com as possíveis contratações específicas para o período, o saldo de empregos no setor varejista pode ficar acima do ano passado. “As empresas estão contratando, preparando-se para o fim do ano, até porque tem todo o período de treinamento e preparação dos funcionários. As pesquisas mostram crescimento do otimismo no comércio e os empresários estão confiantes. Há um movimento maior de recontratações, então as [contratações] temporárias estão um pouco menos aceleradas nesse momento, mas isso depende de cada empresa e acredito que logo a oferta de vagas temporárias aumente, pois, por enquanto, ainda tem muitos empresários cautelosos, porém, com a reposição dos quadros e as contratações temporárias, o saldo geral dos empregos deve ser maior que o do ano passado nessa época”, prevê a diretora de Comércio da Acit (Associação Comercial e Empresarial de Toledo), Franciele Rezzadori de Souza.
Ela também observa a recuperação do setor de turismo, que deve ficar mais aquecido que ano passado com viagens nacionais por conta da pandemia e do dólar alto.
A diretora ressalta que o valor da moeda norte-americana deve continuar refletindo na opção pela compra de produtos nacionais, mesmo com as fronteiras com o Paraguai abertas, o que deve movimentar o comércio local, que organiza uma grande campanha de incentivo e que será lançada na próxima quinta (29) ao público. “Estamos bem confiantes com o fim de ano. Depois de muitos meses difíceis, as pessoas aguardam as festas para comemorar e se possível ver os familiares ou mesmo celebrar em casa e enviando presentes”, acrescenta.
Em Cascavel
Em Cascavel, as contratações no comércio já são superiores às demissões, o que aponta para um cenário de recuperação de postos de trabalho e talvez não favoreça tanto as contratações temporárias como em outros anos. “No mês de setembro já tivemos mais contratações do que desligamentos: foram 1.550 contratações e 677 demissões, resultado do aquecimento das vendas e da preparação para o fim do ano. Alguns ramos estão mais aquecidos com a retomada, como hotéis e restaurantes, com a liberação das atividades, e isso influencia. O setor de móveis e equipamentos para escritório está bastante movimentado; construção civil também, com isso a venda de materiais no varejo melhorou muito, empresas que vendem produtos para casa, no geral, estão com as vendas bem aquecidas. Algumas lojas que haviam reduzido o quadro no início da pandemia, estão recontratando agora que a situação vem melhorando”, explica o presidente do Sindilojas (Sindicato dos Lojistas e do Comercio Varejista de Cascavel e Região Oeste do Paraná), Leopoldo Furlan.
Ele destaca que o auxílio emergencial injetou dinheiro na economia e movimentou o varejo nos últimos meses.
Furlan ainda cita as vendas do Dia das Crianças, terceira melhor data para o comércio, que superaram as expectativas e, em algumas empresas, ficaram acima do volume vendido na data em 2019. “Com a pandemia, muitos avós que não puderam estar perto dos netos compraram presentes e enviaram. Então, há uma movimentação maior. Acreditamos que o mesmo deve acontecer no Natal e no Ano-Novo”, complementa Furlan.
Recuperação será lenta, diz Viapiana
O presidente da Amic (Associação de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Oeste do Paraná), Sandro Viapiana, percebe a recuperação de postos de trabalho nos últimos meses e também atribui grande parte da movimentação ao auxílio emergencial, mas observa que a recuperação plena do comércio e dos serviços deve se prolongar. “Tivemos uma boa movimentação, sim, mas o varejo sofreu bastante com o impacto da pandemia. Para se ter uma ideia, os setores de comércio e serviços, que mais sofreram, são responsáveis por 41% dos postos de trabalho e a recuperação efetiva desses setores deve levar pelo menos dois anos. Além disso, em meio a essa situação de pagamento do auxílio, que ajuda a manter a cadeia produtiva, o que é muito bom, podemos mais tarde ter uma valorização da força de trabalho qualificada, pois, se há renda sendo distribuída, então esse trabalhador que está recebendo pode querer voltar para o mercado apenas com um salário que compense mais do que está entrando, e aí podemos até ver uma valorização salarial. Entretanto, é preciso ter cautela e observar as mudanças que acontecem constantemente. No início da pandemia, não imaginávamos chegar a outubro com uma situação como a que temos hoje… É difícil prever algo com as mudanças diárias que temos. Para o fim do ano, acredito que os empresários devem ser criativos, criar novos modelos de venda e distribuição para garantir a movimentação esperada”, sugere.