Cotidiano

Caminhoneiros veem fala de Bolsonaro como “estratégia” para manter manifestações no País

Ao invés da liberação das rodovias, os movimentos ganharam ainda mais corpo e seguem nesta sexta-feira (10)

Caminhoneiros veem fala de Bolsonaro como “estratégia” para manter manifestações no País

Toledo – Pelo terceiro dia consecutivo, caminhoneiros a favor do presidente Jair Bolsonaro fizeram manifestações nas estradas e realizam bloqueios parciais de rodovias em diversos pontos do País, inclusive no oeste do Paraná.

A previsão inicial era de que o movimento durasse 72 horas, com o fim nesta sexta-feira. Ontem (9), o Ministério da Infraestrutura divulgou boletim informando que os estados do Sul – Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná – concentravam mais da metade dos atos. Segundo o MInfra, o movimento perdeu tração após o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, divulgarem áudios e vídeos, no fim da noite de quarta-feira, pedindo que caminhoneiros alinhados ao governo liberassem as rodovias bloqueadas.

Contudo, no Paraná, ao invés da liberação das rodovias, os movimentos ganharam ainda mais corpo e seguem nesta sexta-feira (10), agora sem previsão de encerramento.

De acordo com dois caminhoneiros que pediram para não ser identificados, a mensagem do presidente Jair Bolsonaro foi entendida pelo movimento como uma “estratégia” para manter a greve. Segundo eles, Bolsonaro não pode diretamente incitar a greve pelo cargo que ocupa, e, por isso, precisa pedir para que os caminhoneiros liberem as rodovias. No entanto, eles entendem que a “ordem cifrada” é acirrar o movimento. Por isso, os caminhoneiros prometem manter os bloqueios parciais das rodovias até que a pauta anti-STF seja atendida.

Em Toledo, o bloqueio parcial continua na PR-182 e na PR-317. Ontem, os caminhoneiros interditavam a travessia a cada três minutos. No fim da tarde, mais de 60 caminhões já estavam parados às margens dessas rodovias.

Em Cascavel, bloqueios parciais foram realizados na PR-486, próximo ao trevo da Ceasa, e na PRc-467, próximo ao Trevo Cataratas. No primeiro local de bloqueio, além de caminhoneiros, havia maquinários agrícolas às margens da rodovia, com o apoio de agricultores ao movimento.

Ainda foram registrados pontos de manifestações em Céu Azul, Medianeira, Santa Terezinha de Itaipu e Guaraniaçu, na região oeste, contudo, sem bloqueio, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal.

Nesta sexta-feira, as paralisações continuam em todo o Estado e devem ganhar ainda mais força. Caminhoneiros de Marechal Candido Rondon já informaram que também farão manifestações em três pontos da cidade. A pauta continua sendo o pedido de impeachment de ministros do STF.

Desabastecimento preocupa a população

A paralisação dos motoristas deixa a população da região oeste preocupada com o possível desabastecimento de produtos em mercados e postos de combustíveis. Tanto que a corrida aos postos começou ainda na noite de quarta-feira e, em Foz do Iguaçu, chegou a faltar produto em alguns locais, devido ao aumento da procura.

O Sindicombustíveis (Sindicato dos Revendedores de Combustíveis e Lojas de Conveniências do Estado do Paraná) informou que, nos últimos dois dias, as vendas dobraram na região, o que provocou falta momentânea em alguns postos.

Na noite de ontem, o sindicato informou que a situação havia se complicado pois houve barreiras em alguns pontos das rodovias impedindo que o combustível chegasse a Cascavel, contudo, postos da cidade receberam combustível ontem e não havia relato de desabastecimento.

A Apras (Associação Paranaense de Supermercados) informou, em nota, que, até o momento, o bloqueio nas estradas não causou rupturas nas lojas nem afetou o abastecimento.

 

Reportagem: Mateus Barbieri