
Mark Skilton, professor de prática em Sistemas da Informação da Warwick Business School, no Reino Unido, vê o negócio como boa estratégia para a Microsoft ampliar o uso de seus produtos e serviços.
? A Microsoft pode explorar essa aquisição de muitas formas. Não apenas pela base de 106 milhões de usuários ativos (da LinkedIn), porém mais pela rede de profissionais que a LinkedIn gerencia e que poderia ser integrada às ferramentas de produtividade do Office e também de produtos de CRM (ferramenta de gestão de relacionamento com clientes), para ampliar portfólio e serviços ? explica Skilton.
NUVEM PROFISSIONAL COM REDE PROFISSIONAL
Negócios Tech 13-06O presidente executivo da Microsoft, Satya Nadella, afirmou tratar-se da união da nuvem profissional com a rede profissional, numa menção às principais ferramentas que profissionais utilizam para fazer seu trabalho ? como os programas do Office ? e à rede que conecta essas pessoas.
Em comunicado, Nadella afirma que ?juntos podemos acelerar o crescimento da LinkedIn, assim como do Microsoft Office 365 e do Dynamics, com o objetivo de fortalecer cada pessoa e organização do planeta.?
O Office 365 é o pacote de programas da Microsoft em nuvem, e o Dynamics, a plataforma CRM da empresa de Bill Gates.
A Microsoft pretende acelerar os planos para ganhar dinheiro com a LinkedIn por meio do crescimento das assinaturas individuais e empresariais, assim como com o aumento da publicidade. Quer utilizar a rede como um tecido social, interligando ferramentas como Windows, Outlook, Excel, Skype e outros produtos. A companhia concentra esforços em migrar sua oferta de software e serviços para a web.
? O mais interessante parece ser a combinação com o Dynamics. Ter uma ferramenta de CRM integrada com os contatos profissionais da LinkedIn seria um diferencial competitivo ? avalia Rodrigo Amantea, professor do Insper.
Bruno Garcia, professor de marketing do Ibmec-Rio, lembra que a LinkedIn é um negócio ainda em consolidação:
? Combinar a plataforma de ferramentas da Microsoft a essa rede de profissionais faria todo sentido, do ponto de vista do usuário. A questão é como se dará na prática. A Microsoft patinou em algumas aquisições no passado. Pensou bem, mas falhou na integração.
Com a operação, a LinkedIn pode ampliar sua habilidade para vender produtos. Ano passado, a empresa adquiriu a Lynda.com, serviço on-line de de treinamento em video, por US$ 1,5 bilhão. Agora, poderá oferecer os vídeos do Lynda dentro dos produtos da Microsoft.
O anúncio de que o pagamento será feito com emissão de títulos de dívida, porém, levou a Moody?s a colocar a atual nota da Microsoft, ?Aaa?, em revisão para rebaixamento. A agência de classificação de risco argumenta que financiar a aquisição com dívida vai dobrar a relação entre a dívida bruta e a geração de caixa da empresa.
25 MILHÕES DE USUÁRIOS NO BRASIL
O negócio é o terceiro maior em fusões e aquisições na área de tecnologia, segundo dados da consultoria Dealogic. E supera os R$ 21,8 bilhões que o Facebook pagou pelo WhatsApp em 2014. A oferta de US$ 196 por ação representa um prêmio de 49,5% sobre o preço de fechamento dos papéis da LinkedIn na sexta-feira. E teve reflexos no valor das ações das duas companhias, ontem. No caso da empresa alvo do negócio, isso se traduziu em alta de 46,64%. Até sexta-feira, os papéis da LinkedIn acumulavam queda de 41,76% no ano. Já a companhia fundada por Bill Gates viu o valor de suas ações cair 2,68%, enquanto, de janeiro até o último dia 10, o recuo fora de 5,89%.
As duas empresas disseram que o acordo é ?definitivo? e que será fechado ainda este ano. O negócio, no entanto, depende da aprovação dos órgãos reguladores de Estados Unidos, União Europeia, Canadá e Brasil. A rede social com foco profissional LinkedIn, baseada na cidade californiana de Mountain View, tem mais de 430 milhões de membros. O Brasil, sede da empresa para a América Latina, é o terceiro maior mercado no mundo, atrás de EUA e Índia, com 25 milhões de usuários.
No site, é possível fazer contatos profissionais, atualizar currículos e buscar oportunidades de emprego. A compra da LinkedIn é uma forma de a Microsoft, que perdeu boa parte do boom de consumo na web, avançar nas mídias sociais.
?Hoje estamos refundando a LinkedIn?, disse Reid Hoffman, presidente do Conselho de Administração da rede para profissionais, no comunicado. A Microsoft afirma que o LinkedIn ?manterá sua marca, cultura e independência?, além da liderança de Jeff Weiner. Ele continuará como presidente executivo da rede social, reportando-se a Nadella, da Microsoft. O negócio, acrescentaram, tem o apoio do presidente e maior acionista do LinkedIn, Hoffman.
A LinkedIn abriu seu capital em 2011. Os papéis chegaram a US$ 270 em fevereiro, mas perderam valor quando a empresa passou a prever um 2016 mais fraco. No primeiro trimestre, a receita avançou 35% no período, para US$ 861 milhões. O resultado líquido, contudo, foi um prejuízo de US$ 45,3 milhões.
Em 2014, a Microsoft comprou a Mojang, criadora do jogo Minecraft, por US$ 2,5 bilhões. Um ano antes, adquiriu a finlandesa Nokia, com o objetivo de avançar em telefonia móvel, por pouco mais de US$ 7 bilhões. Em 2011, o serviço de telefonia pela internet Skype foi comprado por US$ 8,5 bilhões.
(*) Com agências internacionais