Já se passaram 16 dias desde o início da nova onda de invasões de terra na região Oeste, marcada pela ocupação da Fazenda Brilhante, pertencente ao município de Terra Roxa, distante cerca de 125 quilômetros de Cascavel. Desde então, sete áreas foram invadidas por pessoas que se dizem indígenas. O número de invasores chega perto de 300 contabilizando todas as propriedades invadidas desde o início do mês no Oeste paranaense.
Os produtores rurais proprietários das áreas entraram com pedido de reintegração acatado pela Justiça no fim da tarde de sexta-feira. A partir da liminar, os invasores terão 10 dias para iniciar a desocupação. “O temor é pelo posicionamento do Ministério Público Federal, que deixa para recorrer da reintegração sempre no prazo limite”, comenta o presidente do Sindicato Rural de Terra Roxa, Fernando Volpato, em entrevista concedida à equipe de reportagem do Jornal O Paraná. Enquanto isso, a insegurança jurídica continua a predominar e coloca outros proprietários de terras na região sob um clima de apreensão.
Pelo lado dos invasores, a expectativa é pela aquisição de áreas por parte da Itaipu para fins de assentamento. Mas para isso, será preciso anteriormente realizar a medição das áreas. Do lado dos ruralistas, o grande temor é colocar em risco um status sanitário batalhado por anos, como por exemplo, quando o Paraná finalmente se tornou área livre de vacinação da febre aftosa sem vacinação. “A compra dessas áreas pela Itaipu e a cessão aos ditos indígenas, colocaria sob ameaça, todos esses anos dedicadas a tornar o Paraná referência em sanidade”, comentou uma fonte ligada à FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), que não quis se identificar, mas confirmou a real preocupação em torno do assunto. A equipe de reportagem do Jornal O Paraná tentou um retorno da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento sobre o assunto, entretanto, até o fechamento dessa edição ainda não havia obtido retorno.
Para líderes ruralistas, os indígenas não teriam capacidade e muito menos conhecimento técnico para cuidar dos animais. E o risco seria ainda maior por se tratar de uma região fronteiriça ao Paraguai.
O presidente do Sindicato Rural de Palotina, Edmilson Zabot, chama a atenção para o risco econômico e social provocado pelas invasões de terra na região Oeste. Em entrevista ao O Paraná, ele alerta para a preocupação de todos os presidentes de sindicatos rurais da região. “Não queremos que as terras sejam vendidas para os indígenas no Oeste, justamente por ser estratégica para o desenvolvimento do Paraná e por concentram um número expressivo de atividades ligadas à cadeia de proteína animal”, salienta. “O status sanitário precisa ser mantido e qualquer ameaça nesse sentido pode colocar tudo a perder”.
A proteína animal é a atividade responsável pela geração de 100 mil empregos diretos e indiretos no Paraná. O presidente do Sindicato Rural de Palotina, Edmilson Zabot, fez duras críticas à igreja católica, mais especificamente à Diocese de Toledo. Segundo ele, foi divulgada uma nota tratando as invasões de terra na região de Terra Roxa como “aldeias”.
Para Zabot, se confirmada a compra das áreas pela Itaipu na região Oeste, será uma nova Raposa Serra do Sol, terras indígenas que estariam abandonada no Nordeste brasileiro.
Encontro de ruralistas
Na tarde desta segunda-feira, presidentes dos sindicatos rurais da região participaram de uma reunião em Toledo. Nesta terça-feira, será a vez de Guaíra receber os líderes ruralistas para um encontro com a Comissão de Mediação e Assuntos Fundiários e Ministério Público Federal. Esse encontro ocorrerá no período da manhã. À tarde, uma nova fase de debates ocorrerá, desta vez com a presença do presidente da FPA (Frente Parlamentar Agropecuária), deputado federal Pedro Lupion, além de Sergio Souza e Nelsinho Padovani.