Cascavel - O cenário político e econômico global está em constante transformação e tem gerado grandes expectativas, especialmente em relação à nova gestão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tomou posse nesta segunda-feira.
O mundo quer saber as suas interações com outras potências, como a China e o Brasil. Em entrevista concedida à equipe de reportagem do Jornal O Paraná, o consultor da StoneX da área de gestão de riscos, Leonardo Martini, destaca que há muita especulação sobre o segundo mandato de Trump. “O mercado está bastante ansioso, na verdade, para ver o que ele vai fazer. Como vai ser esse segundo mandato dele. Muita especulação. Ele está falando bastante coisa, mas até agora nada concreto”. A dúvida é sobre o que realmente será colocado em prática e quais ações concretas o governo dos Estados Unidos tomará.
Recentemente, uma conversa entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, trouxe alguma tranquilidade ao mercado. Segundo Martini, esse contato “deu uma acalmada no mercado”, já que a conversa envolveu questões importantes relacionadas à relação entre as duas maiores economias do mundo.
Crise comercial
O tema central da reunião foi como evitar uma nova crise comercial, semelhante à que ocorreu em 2018, quando os Estados Unidos impuseram tarifas à China, gerando uma grande guerra comercial. “Aparentemente, os dois colocaram na mesa que é preciso tomar medidas para não ter uma crise tão forte como foi lá em 2018 com a guerra comercial”, explica Martini. Esse acordo foi positivo para os mercados, e para commodities como soja e milho.
Com Lula na presidência, há uma mudança de foco nas relações externas do Brasil, especialmente com os Estados Unidos. A ideologia do novo governo brasileiro, que tem se mostrado multilateral, pode impactar a relação com os Estados Unidos, que, por sua vez, tem uma política externa mais centrada no livre mercado e na defesa de seus interesses econômicos.
Como Martini destaca, “obviamente essa questão de diferença ideológica vai influenciar bastante”, já que diferenças de abordagem podem gerar atritos em temas como comércio, meio ambiente e direitos humanos. A expectativa é que as taxas aumentem, pois as políticas do Governo Lula podem ser menos homologadas com as de Trump.
Brasil e Estados Unidos
No aspecto comercial, a balança entre Brasil e Estados Unidos é relativamente equilibrada, com exportações e importações fluindo de forma mútua. Segundo Martini, “a balança comercial entre os dois países fica praticamente zero a zero”, o que significa que ambos os países possuem uma relação comercial interdependente, sem grandes déficits ou superávits. Apesar das diferenças ideológicas, o comércio entre as duas nações continua a ser significativo.
Entretanto, o cenário geopolítico está em constante mudança, e a aproximação dos Estados Unidos com outros países, como a Argentina, pode variar o Brasil. O novo presidente argentino, Javier Milei, tem se alinhado ideologicamente com líderes conservadores como Donald Trump, o que pode criar uma dinâmica favorável à aproximação entre Estados Unidos e Argentina. Martini aponta que, devido a essa “proximidade de Trump com Milei”, é possível que os Estados Unidos se aproximem mais da Argentina, o que poderia enfraquecer a posição do Brasil na região. Esse movimento, no entanto, ainda está em aberto, e as relações entre os países podem mudar de acordo com os próximos passos.
Inflação
Outro ponto importante é que a administração Trump terá que tomar cuidado para não adotar políticas expansionistas, o que poderia gerar mais inflação nos Estados Unidos, já pressionada por uma alta nos preços. Segundo o consultor da StoneX, , “ele [Trump] sabe que não pode entrar com uma política muito expansionista, porque isso vai gerar mais inflação nos Estados Unidos, que já está sofrendo com inflação alta”. Esse equilíbrio entre estimular a economia e controlar a inflação será um dos principais desafios do governo de Trump, especialmente num contexto global onde a instabilidade econômica ainda é uma preocupação.
Diante de todos esses desafios e incertezas, o mercado continua em vigilância. “Bastante emoção” é o que se pode esperar, como conclui Martini. Na próxima semana, cheia de movimentações políticas e econômicas, será determinante para ver a direção que as relações internacionais tomarão e como isso afetará os mercados e a economia.