Na última semana, o mercado de suíno vivo apresentou um equilíbrio robusto, impactando diretamente na definição dos preços. Em entrevista à equipe de reportagem do Jornal O Paraná, Henrique Lajarim, engenheiro de Alimentos da Lakre Assessoria e Consultoria, de Cascavel, comenta que “o cenário atual revela um mercado de suíno vivo mais aquecido do que o habitual, o que tem sustentado a firmeza dos preços e consolidado as posições dos vendedores”.
O equilíbrio no mercado tem sido tão forte que novos reajustes parecem improváveis no curto prazo. “Embora o mercado esteja estável, uma redução nos preços não está no radar imediato”, afirma Lajarim. Em vez disso, a disputa de preços tem se deslocado para a composição das margens dos frigoríficos com seus clientes, sinalizando uma fase mais voltada à gestão financeira e à eficiência operacional.
Os frigoríficos estão focados em otimizar suas operações e melhorar a sanidade dos lotes, evidenciando uma necessidade crescente de ajustes internos para manter a produtividade. Lajarim destaca que “a eficiência se tornou o pensamento predominante entre os operadores do setor. As estratégias estão sendo direcionadas para o aprimoramento da gestão e a organização interna, buscando maximizar os resultados dentro das condições atuais”.
O mercado de suíno vivo permanece sólido e com preços firmes, mas com uma ênfase crescente na gestão de custos e na eficiência operacional. A expectativa é de que essa tendência continue a moldar as práticas do setor nos próximos meses, com foco em manter a competitividade e a saúde financeira dos frigoríficos.
Com o fim de agosto, as bolsas de suínos que comercializam os animais no mercado independente, mantiveram o preço do quilo do suíno estável. Segundo líderes do setor, a expectativa é que na próxima semana os valores voltem a subir, com as granjas tendo menos animais prontos para abate e a demanda aquecida.
No estado do Paraná, entre os dias 23/08/2024 a 29/08/2024, o indicador do preço do quilo do suíno vivo do Laboratório de Pesquisas Econômicas em Suinocultura (Lapesui) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) teve queda de 2,60%, fechando a semana em R$ 8,25/kg vivo.
A suinocultura brasileira encerra o mês de agosto de 2024 com sinais de estabilidade em algumas regiões e alta nos preços em outras, refletindo as condições de mercado e os desafios enfrentados pelos produtores. O cenário é marcado por um equilíbrio tênue entre a oferta e a demanda, além de oscilações nos custos de insumos.
Números
Em 2023, o Brasil produziu 5.156 milhões de toneladas de carne suína. Deste total, foram destinados para o mercado externo no mesmo ano, 1.230 milhão de toneladas. O mês de julho deste ano chegou a 138,3 mil toneladas. O consumo per capita/ano de carne suína por parte do brasileiro é de 18,3 quilos.
Preferência: Argentino já troca o frango pelo suíno
Cascavel – A carne de suíno ganha cada vez mais popularidade na mesa dos argentinos, aproximando-se da preferência tradicionalmente ocupada pelo frango. No entanto, os pequenos produtores estão enfrentando desafios devido ao aumento dos custos de milho e soja, o que leva muitos a desistir da atividade. Em contraste, os grandes produtores estão identificando novas oportunidades no mercado internacional.
O mercado global está impulsionando a exportação de carne suína, com a Argentina se destacando na oferta de farinha de soja para a União Europeia e China. A crescente demanda por carne de porco na China, intensificada pela Peste Suína Africana, levanta a questão de se a Argentina poderia se beneficiar mais exportando carne em vez de grãos. De Córdoba o veterinário Jorge Brunori, diz que com a quantidade de grãos produzidos, é inconcebível que a Argentina ainda não tenha consolidado um mercado robusto para carne suína.
Os altos preços de produção e a desvalorização monetária estão pressionando pequenos e médios produtores, cuja situação financeira se agrava com custos que superam os preços de venda. Muitos dos produtores, especialmente aqueles que investiram em sistemas eficientes, estão sendo forçados a abandonar o mercado. A produção de carne suína na Argentina exige grandes investimentos e uma escala maior para ser viável economicamente, resultando no desaparecimento dos pequenos produtores em favor de operações de maior escala.