Política

Sperafico: projeto é de Estado, não de governo

Processo para desapropriação das áreas é acelerado em encontro com parte dos proprietários

Cascavel – O governo do Estado iniciou ontem processo de aceleração para desapropriação das áreas para a futura obra do Aeroporto Regional do Oeste entre os municípios de Cascavel, Tupãssi e Toledo.

O depósito dos valores – R$ 10,5 milhões – foi feito pela governadora Cida Borghhetti há cerca de 90 dias e ontem foi realizada a primeira reunião de trabalho com parte dos 24 proprietários dos 64 alqueires iniciais previstos para a estrutura, cujo projeto segue em elaboração pela Itaipu Binacional, e que prevê execução em médio prazo, ainda sem previsão de valores.

Em coletiva à imprensa ontem, na Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel), o chefe da Casa Civil, Dilceu Sperafico, reafirmou o compromisso do Estado com a desapropriação, pediu sensibilidade dos proprietários num projeto de desenvolvimento regional integrado nesta que é uma das bandeiras do oeste há décadas.

Participaram do encontro, além de lideres dos setores políticos e produtivo, engenheiras civis da Seil (Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística) e da PGE (Procuradoria-Geral do Estado). Numa reunião fechada, o corpo técnico explicou aos proprietários detalhes sobre o projeto e a elaboração das planilhas que levou em conta os valores para desapropriação de cada área.

Ainda de acordo com Sperafico, o que se pretende é adiantar o máximo possível dessa etapa, até o fim do ano, que coincide com o término do mandato de Cida.

Questionado se ocorrerá algum tipo de recomendação ao novo governo para que mantenha o projeto e que dê sequência a ele a partir do dia 1º de janeiro, Sperafico afirmou que “este não é um projeto de governo, mas de Estado”. “Os recursos estão depositados, após tratar com os proprietários serão feitos os depósitos (…) quem deles quiser questionar valores na Justiça, isso também é possível, bem como aqueles que por ventura podem não aceitar os valores, mas serão feitos os depósitos judiciais”, destacou.

O chefe da Casa Civil agradeceu o empenho do corpo político regional, nominando deputados estaduais e federais que participaram ativamente da articulação do projeto de modo que ele pudesse ser feito durante o mandato de Cida como governadora, que se iniciou em abril passado.

Destacou ainda o envolvimento de entidades como a Acic, a Amop e a Itiapu Binacional.

O projeto, que vem sendo executado pela Itaipu desde julho, segue por etapas e só deverá ser concluído em dois anos e meio até três anos. “Essa é uma das etapas, as demais, para a construção do aeroporto, devem envolver o governo federal. Não é algo para agora, por isso é importante manter as estruturas dos aeroportos de Cascavel e o de Toledo funcionando para atender a região durante esse período”, seguiu Sperafico.

O presidente da Amop, Anderson Bento Maria, analisou que essa etapa só está saindo do papel porque, mais uma vez, houve o engajamento das entidades e reforçou a participação de Sperafico, que é da região oeste. “Esse é um projeto de desenvolvimento essencial para a região oeste e, se não fosse pelo empenho de todos, do chefe da Casa Civil, não estaria ocorrendo”, completou.

Propostas em análise

Dentre os proprietários a reclamação era de que só souberam da reunião cima da hora. Alguns disseram que nem foram informados. “Minha filha recebeu uma ligação hoje [ontem] pela manhã. A possível demarcação do aeroporo está exatamente sobre uma terra que nos pertence, mas até agora ninguém havia nos contatado”, disse a proprietária de um dos terrenos Rosali Campos, que ouviu a proposta e que agora decidirá com a família sobre aceitar ou não.

Outro produtor dono de área é Arno Dresch. Ele nem foi contatado pela força-tarefa, mas foi à reunião porque um vizinho disse que haveria o encontro. “Ainda não sabemos ao certo se a obra vai pegar minha terra ou não. Vamos ver isso para frente”, disse.

Segundo Dilceu Sperafico, a proposta original é pela desapropriação de 64 alqueires, mas isso poderá ser flexibilizado. “Se um proprietário tiver dez alqueires e oito serão atingidos pela obra, nós poderemos indenizar os dois remanescentes, caso o proprietário queira”, exemplifica.

A expectativa é de que outros encontros ocorram ainda neste mês.