SÃO PAULO – A Aurelius Capital Management contatou detentores de bônus emitidos por unidades da Oi na Holanda para contestarem as bases para um acordo prévio de reestruturação que reduz substancialmente o valor dos títulos. A companhia, que detém bônus emitidos pelas subsidiárias da Oi Portugal Telecom International Finance e Oi Brasil Holdings Coöperatief, começou a distribuir uma carta explicando sua estratégia para outros detentores de bônus na sexta-feira.
Na carta, a Aurelius desafia a noção disseminada em discussões entre a Oi e um grupo de investidores assessorado pela Moelis & Co de que os bônus emitidos pela Telemar Norte Leste estão em primeiro lugar na ordem de pagamento em relação aos vendidos pela Oi Brasil Holdings e Portugal Telecom International.
A Aurelius argumenta que as subsidiárias sediadas na Holanda tiveram recursos enviados à Telemar Norte e outras unidades da Oi na forma de empréstimos nos três meses antes da Oi pedir recuperação judicial. Assumir que tais empréstimos não têm apoio de crédito da Oi, como o grupo liderado pela Moelis fez durante as discussões anteriores, é errado, afirma a carta da Aurelius.
Representantes da Oi e da Aurelius não comentaram o assunto.
Em comunicado nesta segunda-feira, o grupo liderado pela Moelis afirmou que a carta da Aurelius é “baseada em informações incompletas e equivocadas sobre a legislação brasileira”.
O desentendimento entre os credores está lançando incertezas sobre os valores dos bônus na recuperação judicial por causa da natureza sem garantia da maior parte dos títulos.
O valor dos títulos vendidos pelas duas subsidiárias da Oi na Holanda é de cerca de R$ 24 bilhões, ante os R$ 9,5 bilhões da dívida da Telemar Norte, afirma a Aurelius.
Sob os termos da proposta de reestruturação da Oi liderada pela Moelis, os detentores dos títulos da Telemar Norte Leste receberiam uma taxa de recuperação de 50% de seu investimento ante 17,5% dos detentores das outras dívidas da empresa.
No comunicado desta segunda-feira, o grupo liderado pela Moelis, diz ter 40% dos bônus da Oi, representando cerca de US$ 4 bilhões em valor de face. O grupo está crescendo, afirma a Moelis, e atualmente detém 70 investidores baseados na Europa, Ásia, Américas e Oriente Médio.
Antes do pedido de recuperação judicial, a proposta liderada pela Moelis previa que os credores da empresa ficariam com 95% da Oi, um plano que irritou alguns importantes acionistas da empresa.