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?Está na hora de ter outra mulher. Demorou?, diz Sandra, que já foi porta-bandeira do Brasil

sandra.jpgSandra Pires, campeã olímpica em Atlanta-1996 ao lado de Jaqueline Silva, era até hoje a única mulher porta bandeira do Brasil nos Jogos Olímpicos. A ex-jogadora de vôlei de praia teve a honra de conduzir a delegação brasileira em Sydney-2000, quando também conquistou um bronze, com Adriana Samuel. Mas agora ela terá companhia: Yane Marques, do pentatlo moderno, conduzirá a bandeira brasileira na abertura dos Jogos do Rio, no Maracanã, na próxima sexta-feira.

Sandra contou ao O GLOBO que não se orgulhava deste título, “única mulher porta bandeira do país”, e que se sentia dividida na escolha desta edição: queria ver uma nova representante feminina no posto mas também torcia pelo líbero Serginho por causa do currículo. Explicou que descartaria Robert Scheidt somente porque ele já foi porta bandeira em Pequim-2008.

? Está na hora de ter outra mulher representando o Brasil. Aliás, demorou. Acho que já em Londres a Maurren Maggi deveria ter sido ? disse Sandra, no sábado, quando questionada sobre seu voto. ? Torço pela Yane por ser mulher, num esporte que não deve ter tido incentivo. E também pelo Serginho por causa do currículo, por estar com 40 anos e ainda jogando pra caramba. Nenhum atleta do vôlei de quadra foi porta bandeira ainda.

Em Londres-2012, Maurren, que havia conquistado o ouro em Pequim-2008, “concorreu” com Cesar Cielo e Rodrigo Pessoa. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) escolheu o cavaleiro, ouro nos saltos na Olimpíada de Atenas-2004 e bronze nos saltos por equipe em Atlanta-1996 e Sydney-2000.

Sandra confessou que votou em Serginho porque ele tem o ouro olímpico e que esse foi um critério usado à sua época. Ela lembra que o COB a escolheu mas que Guga e Scheidt também estavam no páreo.

? O COB queria um campeão olímpico e o Guga saiu da disputa. Acabaram me escolhendo porque a vela já tinha tido um porta bandeira, o Torben Grael, em Atenas. Também naqueles Jogos fazia 100 anos da primeira participação feminina. Foi uma homenagem ? lembra Sandra, que brinca que teve ?sorte? porque sua parceira de ouro, Jacqueline Silva, encerrava a carreira e não foi a Olimpíada.

Sandra conta que ficou frustrada em Atlanta. É que Jaqueline a proibiu de participar da abertura. Alegava que a parceira perderia o foco e que poderia prejudicar o desempenho.

? Ela encheu o meu saco e acabei não desfilando. Fiquei três dias sem falar com ela. Vimos a abertura numa televisão muquirana. À época pensei que poderia não ter outra chance de ir a uma festa de abertura. E eis que quatro anos depois, eu estava lá e com a bandeira do Brasil. Ficava olhando para ela toda hora. Queria que a bandeira estivesse esticada, linda.