Esportes

Maioria dos atletas brasileiros está na Ponte Aérea Rio-São Paulo

2016_890565789-juliana_veloso1.jpg_20160222 (1).jpgApesar do gigantismo do Brasil, o sotaque dos atletas nacionais é, predominantemente, um misto do chiado carioca com o paulistês. Dos 465 participantes dos Jogos, 289 são do Sudeste, sendo que 247 somente de Rio e São Paulo, ou 53,11% do total da delegação. Assim como a concentração de pessoas na região (42,6 % da população, segundo o IBGE, não necessariamente nascidos lá), o esporte é um retrato da presença em massa de competidores nos grandes centros, com mais infraestrutura.

Censo do Time Brasil

Algumas modalidades, inclusive, podem vestir a camisa 100% paulista ou carioca. São exemplos a equipe masculina de ginástica artística; do adestramento e do CCE (hipismo), todos do Estado de São Paulo; e do time feminino de saltos ornamentais, do Rio de Janeiro. Nesse caso, a maioria é de atletas do Fluminense, como a veterana Juliana Veloso, em sua quinta Olimpíada.

? Na região Sudeste, há mais oportunidades de praticar esportes como um todo. Em São Paulo, por exemplo, há 50 piscinas de saltos ornamentais. No Brasil todo são 100. Temos pensado em difundir mais o esporte no Nordeste, por causa do clima, que favorece a prática o ano todo, e assim termos mais opções de atletas de qualidade ? diz Ricardo Moreira, coordenador técnico dos saltos ornamentais da CBDA.

Moreira apresenta um dado que ajuda a entender como o esporte funciona no Brasil. Segundo ele, na natação, a maioria dos atletas federados vem do Norte e do Nordeste. Mas na seleção essas regiões têm menos de 20% dos nadadores. Do Sudeste são 66%.

? Há muitas competições no Norte e Nordeste, mas os atletas não participam das competições nacionais em peso. Por questão econômica: não têm condições de se deslocar, de pagar pelos torneios. Há preocupação da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) em aumentar a presença desses atletas nas competições principais.

BOXE VEM DA BAHIA

Nas contas do IBGE, o Nordeste é a segunda maior região em termos populacionais, com 27,7%. Porém, na equipe olímpica, apenas 11% são nascidos em algum dos nove estados, mas não necessariamente moram em suas regiões de origem. O deslocamento para as áreas mais competitivas é natural em todas as modalidades. Mesmo assim, há reduto nordestino nos Jogos do Rio. O boxe conta com quatro representantes de um total de nove. Todos eles são da Bahia.

Não há surpresa nesse número, pois a Bahia tem tradição no esporte, como podem provar Acelino Freitas, o Popó, quatro vezes campeão mundial, e Adriana Araújo, bronze em Londres, que está na equipe feminina de 2016.

? Há muitas academias de boxe na Bahia, que revelam muito material humano de qualidade ? destaca o cubano Otílio Toledo, chefe da delegação brasileira de boxe.