Cotidiano

Economista faz análise econômica com fôlego olímpico

OctavioBarros.JPGRIO – Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco, diz que o Brasil vive um momento disruptivo. Ao fazer uma alusão à Olimpíada, disse que o Brasil precisa fazer um salto triplo para vencer os desafios macroecômicos. Ressaltou ainda que o país tem hoje um “dream team” (time dos sonhos) na área econômica para resolver os problemas da economia.

? E O BC tem que saber fazer uma ?cortada? de juros na hora certa. Em outubro, estamos prevendo um afrouxamento monetário. Esse corte vai dar imulpo à economia. Nossa expectativa é chegar ao fim de 2017 (com a Taxa Selic, referência de juros no país) em 10,25%. A retomada da economia está mais para marcha atlética. É cíclica, firme, porém mais lenta. Está muito longe de ser uma arrancada dos cem metros rasos. Estamos vivendo uma recuperação lenta sem geração de emprego ? disse Barros, no seminário “Pensamentos Olímpicos sobre a economia brasileira”, promovido pelo Bradesco na Casa França Brasil.

Ele fez ainda previsões sobre a economia brasileira. O Bradesco, diz ele, prevê uma queda de 0,3% no segundo trimestre deste ano. E depois, fica em zero. No último trimestre, haverá alta de 0,2%.

? Para o ano que vem, teremos PIB de 1,5%, com consumo crescendo 1% ano que vem. Como no revezamento da piscina, há setores mais lentos e outros mais rápidos, como as exportações, que estão crescendo 11%. Os investimentos caíram 25% nos últimos anos. Estamos prevendo que os investimentos tenham queda de 7% neste ano. Vamos precisar de braço no remo ? comparou o economista. A economia em 7 modalidades olímpicas

Fez ainda uma comparação com o salto com vara, ao lembrar que o Brasil não pode ultrapassar o teto dos gastos. Disse que ainda é preciso da habilidade do judô para fazer as privatizações. Segundo ele, não se pode contar com o crédito como impulsionador para a economia

? Mas as economia impulsionará a demanda de crédito graças à maior confiança. Esse ano, o credito cresce 0,3%. E ano que vem ainda cresce de forma modesta. O desemprego ainda piora ? destacou ele.? O vento global não impulsiona o crescimento de países emergentes e sobretudo em um ambiente de turbulência, recessão global, estagnação secular, falta de previsibilidade. E isso tudo conspira contra o crescimento. O crescimento do mundo em 2017 não vai superar os 2,7% que estamos prevendo ? disse ele, ressaltando que a economia dos Estados Unidos devem crescer 1,5% neste ano.

RECUO DA GLOBALIZAÇÃO

O especialista destacou ainda que o mundo vive hoje um recuo da globalização, movimento que pode ser prejudicial para o Brasil em um momento em que o país precisa se conectar ao mundo.

? Temos o Brexit, Donald Trump nos Estados Unidos. E os analistas dizem que há hoje um recuo na globalização. E isso ocorre no momento atual, quando o Brasil precisa de conectar ao comércio global ? disse Octavio de Barros.

Para Roberto Jaguaribe, presidente da Apex, independentemente dos problemas no exterior, o país precisa resolver seus problemas internos:

? O Brasil é um dos poucos países do mundo que são autosuficientes. Isso permite uma instrospecção. Por outro lado, os problemas do Brasil são brasileiros. São problemas daqui e precisam ser resolvidos aqui. Se tivermos estabilidade econômica, isso já vai gerar uma proteção. Eu não tenho medo do fator externo ? disse Jaguaribe.

Por isso, os economistas discutiram a necessidade de abertura da economia brasileira. Barros vê o protecionismo do Brasil como “desculpa” pela ausência de reformas que permitam a redução do custo de produção no Brasil. Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos e Reino Unido, diz que, antes de se falar em abertura, é preciso fazer as reformas essenciais da economia para aumentar a competitividade da indústria.

? O sinal que o governo tem que dar é que há um novo rumo e se encontra, também nesse rumo, a discussão sobre a abertura da economia. Houve muitos problemas nos últimos anos, como a desindrustrialização e o desemprego. Há medidas que podem ser tormadas, como a reforma tarifária. Hoje o sistema tarifário é contrário à indústria. Até 2018, na eleição, esse vai ser um tema importante para os candidatos e oposição sobre isso. É preciso pensar em como fazer essa abertura. Temos que levar em conta a necessidade das reformas estruturais. E estamos começando agora, com a reforma da previdência e trabalhista. Isso são pequenos tijolos para melhorar o que é fundamental. Os problemas de abertura estão aqui dentro e não lá fora ? disse Rubens Barbosa.

O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabucco, disse que o país precisa pensar ser mais alto:

? A cidade pulsa de vibração com a Olimpíada. O que o Brasil precisa neste momento é sonhar. Pensar mais alto e ser mais rápido e mais forte está na gênesis do Brasil. Ser mais rápido é colocar o senso de urgência na iniciativa do governo e preivada. Na recessão, todos perdem ? disse Trabucco, que participa do seminário.

VENEZUELA E MERCOSUL

Barbosa destacou que o país precisa ter uma visão mais claro do que quer em relação à estratégia com outros países.

? É importante saber o que o Brasil quer em relação aos seus parceiros comerciais. Sem essa visão, acontece o que estamos vendo atualmente, com a Venezuela impondo suas condições aos fundadores do Mercosul ? disse Barbosa.

VALE CUMPRIRÁ META DE DESINVSTIMENTO

O presidente da Vale, Murilo Ferreira, disse que a companhia vai conseguir cumprir a meta de desinvestimento de US$ 15 bilhões programada para este ano.

? Vamos cumprir a meta. Falta a venda de apenas dois projetos até o fim do ano ? disse Ferreira, que acompanhou a primeira parte do seminário.