Esportes

Big Brother controla área de alimentação na Vila dos Atletas

RIO ? Imagine o drama: no dia de uma prova decisiva, um atleta acorda com o estômago embrulhado, o que pode ser causado tanto pelo nervosismo pré-competição quanto por algum alimento estragado. Para minimizar a possibilidade da segunda alternativa, a empresa Sapore, responsável pelos restaurantes oficiais da Vila dos Atletas, adotou uma espécie de ?Big Brother alimentar?: todos os ingredientes enviados à Vila são monitorados desde sua passagem por um centro de distribuição, em Duque de Caxias, na região metropolitana do Rio, até chegarem às cubas onde serão consumidos. Links abertura

De acordo com Claudson Aguiar, diretor de TI da empresa, o sistema se baseia em códigos digitais atribuídos aos alimentos, e enviados imediatamente a uma nuvem de dados, durante cada etapa do transporte e da preparação. Além disso, os espaços de armazenamento são monitorados por sensores wifi, que enviam informações como temperatura e localização em tempo real. Se algo sair da normalidade nas refeições para os atletas, a ideia é identificar imediatamente e corrigir o problema com rapidez.

? A principal preocupação é que toda essa informação seja colocada o mais rápido possível na nuvem. Se algum atleta tiver um ?piriri? porque comeu arroz, por exemplo, eu posso imediatamente identificar todo o arroz que teve a mesma produção, onde quer que ele esteja, e retirá-lo da minha cadeia produtiva ? explica Aguiar.

Como um bom reality show, o ?Big Brother alimentar? não se limita à comida, mas chega também às estrelas do espetáculo. Os atletas talvez não saibam, mas sua entrada e saída nos restaurante da Vila serão monitoradas atentamente. A marcação de perto não tem qualquer relação com um controle de dietas, segundo Aguiar. O motivo, garante ele, é puramente logístico.

? Queriam colocar vários voluntários na porta e dizer quanta gente estava entrando, mas pensei em uma solução não intrusiva: pôr uma câmera em cada entrada, para identificar e contar quem entra e quem sai. Se eu tenho uma estimativa de 6 mil pessoas no almoço e já entraram 5 mil, posso alertar a cozinha para não iniciar mais tanta produção de alimento, porque já estou próximo do topo da minha expectativa. Assim dá para controlar o nível de sobra limpa, aqueles alimentos que você não serviu e estão em perfeitas condições, mas não pode servir mais ? argumenta Claudson Aguiar.

Conheça todos os esportes olímpicos da Rio-2016

Ficar de olho não só nos atletas, mas também nos principais eventos esportivos do mundo, foi uma preocupação do Rio- 2016 no ciclo olímpico. De acordo com o diretor-executivo de esportes, Agberto Guimarães, foram enviados observadores a todos os campeonatos mundiais de diversas modalidades esportivas realizados desde 2010, ano seguinte à escolha do Rio como sede da Olimpíada.

? Não fazemos nada às cegas. Só em Londres foram mais de 200 observadores, sendo 42 para os esportes, um para cada modalidade, além de transporte, alimentação, tecnologia ? afirma Agberto.

Antes de atuar na organização dos Jogos Olímpicos, Agberto já havia participado de três edições (Moscou-1980, Los Angeles-1984 e Seul-1988) como atleta. O desafio, pelo que ele indica, é muito maior na nova função.

? É por isso que terminando os Jogos, provavelmente, a gente não trabalhe com isso nunca mais. Já deu, né? ? brinca Agberto Guimarães, mas aparentando um fundo de verdade.