TÓQUIO A Mitsubishi disse que vai registrar uma despesa de 50 bilhões de ienes (cerca de US$ 480 milhões ou R$ 1,6 bilhão) neste ano fiscal para compensar os compradores por ter manipulado os dados de consumo de combustíveis. Em abril, a corporação admitiu ter falsificado informações de testes de 20 modelos vendidos no Japão ao longo da última década.
Em vez de testes em campo, a empresa calculou digitalmente o gasto de combustível e ainda falsificou dados de modelos vendidos desde 2006, segundo a própria confirmou em comunicado. As alterações resultaram em classificações superestimadas de economia de combustível dos veículos japoneses. A companhia, no entanto, reiterou que não encontrou indícios da transgressão em carros vendidos no exterior.
A montadora anunciou que espera até junho a assinatura do ministro dos Transportes do país no relatório sobre os recalculados índices de eficiência energética dos carros. A ideia é retomar as vendas, embora a companhia há reconheça que não tem como revisar a quilometragem de modelos antigos.
A recente divulgação provê mais transparência em meio à crise da Mitsubishi, cujo escândalo rendeu prejuízo à marca, segundo dois executivos do alto escalão. Como saída, a montadora teve que cortar gastos e pedir socorro à Nissan na compra de participação no valor de US$ 2,2 bilhões (R$ 7,5 bilhões). No último mês, a companhia registrou o maior ganho na Bolsa de Tóquio desde a revelação: cresceu 6,4%; agora é negociada a 547 ienes.
A Mitsubishi vai compensar em 100 mil ienes (R$ 3,2 mil) cada dono de carro de passeio e vai pagar separadamente pela diferença no custo da gasolina e dos impostos, anunciou o presidente da empresa, Osamu Masuko. Vai pagar ainda 30 mil ienes (R$ 989) a cada proprietário de outros cinco modelos dos quais a montadora manipulou dados de quilometragem.
O chefe-executivo Carlos Ghosn aposta que a Mitsubishi possa conter o dano do escândalo do Japão e aumentar a presença no mercado emergente do Sudeste da Ásia, inclusive Tailândia, Indonésia e Filipinas. O plano da montadora é terminar as checagens em agosto e fechar negócios em outubro.
Segundo Masuko, as revelações não afetarão o pacto com a Nissan, que solicita à parceira prevenir com cuidado uma repetição de mal-feitos já que mostra a intenção de ser a principal acionista da japonesa. Para tal, a Nissan organiza uma diligência em que três procuradores investigarão os testes fraudados. Pelo cronograma, a equipe deve apresentar a conclusão do trabalho no fim de julho.