Pré-candidato a prefeitura com o apoio do prefeito Eduardo Paes, o deputado federal Pedro Paulo Carvalho (PMDB) aparece em um vídeo que circula em redes sociais no qual promete reprimir e proibir o serviço do Uber no Rio de Janeiro caso seja eleito. As declarações ocorreram durante uma festa na qual estavam taxistas e também teria a presença de pelo menos um deputado estadual ligado a categoria.
O Uber mantém veículos credenciados em circulação na cidade amparado por uma decisão judicial numa ação movida pela empresa contra o Departamento Estadual de Transportes Rodoviários (Detro) e a Secretaria municipal de Transportes do Rio, para impedir apreensões de veículos. No dia 5 de abril deste ano, a juíza Mônica Ribeiro Teixeira, da 6ª Vara de Fazenda Pública, julgou o processo, mantendo a liminar, fixando multa R$ 50 mil por carro que seja apreendido. No início deste mês, a prefeitura entrou com um recurso contra a decisão.
Procurado pelo GLOBO por volta das 16h30, o deputado Pedro Paulo ainda comentou o teor do vídeo. Por sua vez, o Uber preferiu não se manifestar. Para o sociólogo e cientista político Gláucio Soares, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp/Uerj), as declarações do deputado seguem uma estratégia político-eleitoral bem pensada na qual mira numa faixa de eleitores, sem levar em conta o interesse de toda a sociedade:
? Se levar em conta o núcleo familiar dos taxistas, estamos falando de um potencial de até 250 mil votos. Ao mirar numa parte do eleitorado, o candidato deixa de discutir outras coisas importantes, como o direito de liberdade de escolha do usuário. O objetivo é agradar a uma categoria poderosa que usa inclusive as autonomias que recebeu do poder público, como moeda de troca, comercializando licenças de forma irregular. Isso sem contar a influência eleitoral dos donos de empresas de táxi que controlam um grande número de licenças ? disse Gláucio.
O presidente do Sindicato dos Taxistas do Rio, Luiz Antônio Barbosa, disse que oficialmente, a entidade não defende qualquer candidatura. Ele, no entanto, defendeu o nome de Pedro Paulo:
? O Pedro Paulo é da linhagem do Eduardo Paes. Muitos colegas o apoiam por acreditar que ele é contra o Uber e não vai legalizá-lo ? disse Luiz Antonio.
As declarações feitas nesta sexta-feira ocorreram logo depois de um encontro de Luiz Antônio com o presidente da Câmara dos Vereadores, Jorge Felippe (PMDB), que também apoia a categoria. De acordo com o presidente do sindicato, o encontro foi para tentar traçar uma estratégia conjunta para reprimir aplicativos não regulamentados de transportes de passageiros:
? A avaliação é que já existe uma legislação que trata da profissão de taxistas. E acreditamos que vamos conseguir vencer na Justiça ? disse o dirigente.
A seguir, trechos do diálogo:
Pedro Paulo: ? Tá gravando?
Interlocutor 1: ? Vamos gravar.O Pedro Paulo hein!
Pedro Paulo: ? Essa é para você espalhar para os amigos taxistas. Eu, prefeito do Rio, vou ser contra o Uber. O Uber não vai funcionar na cidade do Rio de Janeiro. Eu e o prefeito Eduardo Paes já entramos com uma ação para derrubar a liminar. Como prefeito, vou lutar pelo taxista porque esse é o principal transporte legalizado na cidade. São uns 50 mil taxistas que a gente não pode deixar na mão.
Interlocutor 1: ? É verdade
Pedro Paulo: ? Fora Uber
Interlocutor 1 ?Tamo juntos
Interlocutor 2: ?Valeu seu Eduardo! (sic)
Pedro Paulo: ? Pode espalhar isso aqui para quem você quiser
Interlocutor 1 ?E ai rapaziada. O cara aqui falou, hein?