
De acordo com Jânyo Diniz, diretor-presidente do Ser Educional, a proposta feita à Estácio também envolve troca de ações. Os acionistas da Estácio ficariam com 68,7% da nova instituição que surgir, caso o negócio se concretize, enquanto os acionistas da Ser Educacional ficariam com 31,3%, mantendo a listagem no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo. Na proposta de ?combinação de negócios?, está previsto também o pagamento de R$ 590 milhões de dividendos aos acionistas da Estácio, representando R$ 1,92 por ação da Estácio.
? A combinação das duas instituições geraria bastante valor para ambas, como aumento das margens, redução de custos e atração de alunos. Temos marcas fortes nas regiões Norte e Nordeste do país, além da UNG, em Guarulhos, na Grande São Paulo, adquirida em 2015 ? explicou o diretor-presidente da Ser Educacional ao Globo.
No Nordeste, a Ser Educacional é dona do Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau) e da Faculdade Maurício de Nassau, ambas no Recife. Na Região Norte, o grupo é proprietário desde 2014 da Universidade da Amazônia (Unama). A Ser Educacional contratou o banco Credit Suisse como assessor financeiro e o escritório Pinheiro Neto Advogados como assessor legal para a transação. A proposta está condicionada às aprovações do governo de dos órgãos reguladores.
Para o consultor Carlos Monteiro, da CM Consultoria, especializado em ensino superior, do ponto de vista do mercado, uma fusão entre a Estácio e o grupo Ser Educacional seria mais interessante, já que evita uma concentração maior do ensino superior privado no país.
? Surgiria um grupo novo, com presença forte no Nordeste do país, e fôlego para competir com a Kroton. O Grupo Ser, por exemplo, está começando no segmento de ensino à distância, enquanto a Estácio já tem bastante experiência. Há muita sinergia entre ambas ? diz Monteiro.
DISPUTA ENTRE GRANDES DA ÁREA DE EDUCAÇÃO
Ele lembra que a Kroton é o maior grupo do país no segmento de ensino superior privado, com mais de 1 milhão de alunos. Uma combinação com a Estácio resultaria numa instituição com 1,6 milhão de alunos, muito longe da terceira colocada, a Unip, que tem 200 mil alunos. A Estácio é atualmente a segunda em número de estudantes, com 600 mil.
? Mas do ponto de vista dos acionistas da Estácio, em termos de retorno, uma fusão com a Kroton é mais interessante, já que se trata de um grupo estruturado e o principal player deste mercado ? afirma o consultor.
Juntas, Estácio e Kroton formariam uma gigante com valor de mercado de cerca de R$ 25 bilhões, tomando-se os preços das suas ações no fechamento da semana passada.
?A operação possui um forte racional estratégico em razão da alta complementaridade geográfica, do amplo potencial de sinergias e de ganhos de eficiência, e em especial, do fortalecimento dos investimentos na qualidade dos seus serviços educacionais?, disse a Kroton em comunicado ao mercado.
O último grande negócio da Kroton foi a fusão com a Faculdades Anhanguera, em 2013. A Anhanguera era então o segundo maior grupo de ensino superior privado no país.
Os grandes movimentos de fusões no segmento privado de ensino superior começaram em 2007, com a chegada ao país do grupo americano Laureate que, entre várias aquisições, arrematou o grupo paulista FMU. De 2007 até agora, o volume de negócios fechados no setor de ensino superior passou de R$ 11 bilhões, com um total de 142 transações, de acordo com dados da CM Consultoria. Os principais negócios foram liderados por grandes grupos, como a própria Estácio, a Kroton, a britânica Pearson e a Abril Educação.
Segundo analistas do setor, a expectativa de retomada do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil, do governo federal), cujo número de contratos encolheu 50% no ano passado ante 2014, é o motor dessa retomada dos negócios no setor.