Cotidiano

Grupo Ser Educacional faz proposta de fusão com a Estácio

2015 869488363-2015 862185539-201510291510551426.jpg_20151029.jpg_20151126.jpgSÃO PAULO – O Grupo Ser Educacional, com unidades de ensino superior privado em 28 cidades de 12 estados, divulgou ontem fato relevante informando ao mercado que fez uma uma proposta de ?combinação de negócios? com a Estácio Participações. Caso o negócio se concretize, a nova instituição teria 750 mil alunos – sendo 600 mil da Estácio e 150 mil do Grupo Ser Educacional. A nova instituição teria um valor de mercado de aproximadamente R$ 6 bilhões, segundo o diretor-presidente do Ser Educional, Jânyo Diniz. Na semana passada, a Kroton Educacional, maior companhia de ensino superior privado do país, havia anunciado estar avaliando comprar a Estácio, numa operação envolvendo troca de ações.

De acordo com Jânyo Diniz, diretor-presidente do Ser Educional, a proposta feita à Estácio também envolve troca de ações. Os acionistas da Estácio ficariam com 68,7% da nova instituição que surgir, caso o negócio se concretize, enquanto os acionistas da Ser Educacional ficariam com 31,3%, mantendo a listagem no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo. Na proposta de ?combinação de negócios?, está previsto também o pagamento de R$ 590 milhões de dividendos aos acionistas da Estácio, representando R$ 1,92 por ação da Estácio.

? A combinação das duas instituições geraria bastante valor para ambas, como aumento das margens, redução de custos e atração de alunos. Temos marcas fortes nas regiões Norte e Nordeste do país, além da UNG, em Guarulhos, na Grande São Paulo, adquirida em 2015 ? explicou o diretor-presidente da Ser Educacional ao Globo.

No Nordeste, a Ser Educacional é dona do Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau) e da Faculdade Maurício de Nassau, ambas no Recife. Na Região Norte, o grupo é proprietário desde 2014 da Universidade da Amazônia (Unama). A Ser Educacional contratou o banco Credit Suisse como assessor financeiro e o escritório Pinheiro Neto Advogados como assessor legal para a transação. A proposta está condicionada às aprovações do governo de dos órgãos reguladores.

Para o consultor Carlos Monteiro, da CM Consultoria, especializado em ensino superior, do ponto de vista do mercado, uma fusão entre a Estácio e o grupo Ser Educacional seria mais interessante, já que evita uma concentração maior do ensino superior privado no país.

? Surgiria um grupo novo, com presença forte no Nordeste do país, e fôlego para competir com a Kroton. O Grupo Ser, por exemplo, está começando no segmento de ensino à distância, enquanto a Estácio já tem bastante experiência. Há muita sinergia entre ambas ? diz Monteiro.

DISPUTA ENTRE GRANDES DA ÁREA DE EDUCAÇÃO

Ele lembra que a Kroton é o maior grupo do país no segmento de ensino superior privado, com mais de 1 milhão de alunos. Uma combinação com a Estácio resultaria numa instituição com 1,6 milhão de alunos, muito longe da terceira colocada, a Unip, que tem 200 mil alunos. A Estácio é atualmente a segunda em número de estudantes, com 600 mil.

? Mas do ponto de vista dos acionistas da Estácio, em termos de retorno, uma fusão com a Kroton é mais interessante, já que se trata de um grupo estruturado e o principal player deste mercado ? afirma o consultor.

Juntas, Estácio e Kroton formariam uma gigante com valor de mercado de cerca de R$ 25 bilhões, tomando-se os preços das suas ações no fechamento da semana passada.

?A operação possui um forte racional estratégico em razão da alta complementaridade geográfica, do amplo potencial de sinergias e de ganhos de eficiência, e em especial, do fortalecimento dos investimentos na qualidade dos seus serviços educacionais?, disse a Kroton em comunicado ao mercado.

O último grande negócio da Kroton foi a fusão com a Faculdades Anhanguera, em 2013. A Anhanguera era então o segundo maior grupo de ensino superior privado no país.

Os grandes movimentos de fusões no segmento privado de ensino superior começaram em 2007, com a chegada ao país do grupo americano Laureate que, entre várias aquisições, arrematou o grupo paulista FMU. De 2007 até agora, o volume de negócios fechados no setor de ensino superior passou de R$ 11 bilhões, com um total de 142 transações, de acordo com dados da CM Consultoria. Os principais negócios foram liderados por grandes grupos, como a própria Estácio, a Kroton, a britânica Pearson e a Abril Educação.

Segundo analistas do setor, a expectativa de retomada do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil, do governo federal), cujo número de contratos encolheu 50% no ano passado ante 2014, é o motor dessa retomada dos negócios no setor.