Cotidiano

?Paraná está no caminho certo?

No dia seguinte, esteve em Brasília para mostrar os resultados do ajuste fiscal do Paraná e tratar da liberação dos empréstimos internacionais

Curitiba – O secretário de Fazenda do Paraná, Mauro Ricardo Costa, cumpriu extensa agenda na semana em Curitiba e Brasília. Primeiro, apresentou o balanço das finanças do Estado no quadrimestre aos deputados, mostrando que o ajuste fiscal e os cortes de despesas permitiram o equilíbrio das contas e recuperação dos investimentos com recursos próprios.

No dia seguinte, esteve em Brasília para mostrar os resultados do ajuste fiscal do Paraná e tratar da liberação dos empréstimos internacionais – na ordem de R$ 1 bilhão – já aprovados pelo BID e que dependem do aval da Secretaria do Tesouro Nacional.

“O Paraná é um exemplo para o País. Tem uma situação confortável perante os outros estados, porém ainda tem muitos compromissos. Muitas demandas precisam ser atendidas em diversas áreas. Para isso, precisamos controlar as despesas administrativas para gerar cada vez mais recursos disponíveis para investimentos”, afirmou.

 

O investimento de quase R$ 4 bilhões, anunciado pelo Estado, será aplicado ainda em 2016? De que maneira?

Mauro Ricardo – A expectativa é de que esse recurso seja aplicado ainda neste ano. Previmos um investimento de R$ 3,7 bilhões. Já investimos até o mês de maio algo em torno de R$ 600 milhões, um crescimento de 50% em relação ao primeiro quadrimestre. A intenção é trabalhar na concretização das receitas. Temos muitas receitas extraordinárias no orçamento e o objetivo é regularizar essas receitas para fazer os investimentos.

 

Como esses investimentos vão impactar de maneira direta na vida do cidadão paranaense?

Mauro Ricardo – Um exemplo são as estradas. Algo em torno de R$ 1,2 bilhão será destinado para recuperação e ampliação das estradas. O que vai impactar, de maneira direta, na melhoria da competitividade no Estado. Também estamos falando de investimentos nas áreas de energia, saneamento, habitação, educação e saúde. Para se ter uma ideia, na educação investimos 33% e na saúde, em torno de 11%. Esses são alguns dos diversos investimentos.

Um dos desafios é aumentar os recursos para investimentos. Como será feito isso?

Mauro Ricardo – A população, primeiro, pode esperar uma redução nas despesas. A intenção é gastar menos com o Estado e mais com a população. É permanente a ação do governo nesse sentido. Em segundo lugar, é a ampliação de receita para que a gente possa dar um passo importante para ampliar os investimentos, em especial, utilizando receitas ordinárias, não extraordinárias. A ampliação de receita se dará na área tributária, no combate à sonegação e à inadimplência. E, no que se refere às receitas extraordinárias, há a alienação de ativos em serviços do estado para construção de ativos servíveis para a população.

A recomposição dos impostos foi importante para equilibrar as contas?

Mauro Ricardo – Com certeza, mas não foi o fundamental. Se nós olharmos o ano passado, a redução de despesa foi muito maior do que a ampliação de receita. O ajuste fiscal no ano passado se fez com a redução de despesas. Em termos reais, houve redução de despesas no valor de R$ 2,3 bilhões e uma ampliação de receita na ordem de R$ 1 bilhão. Isso mostra que, nós reduzimos mais despesas do que ampliamos receitas.

Como o senhor avalia a situação econômica do Paraná em comparação com os outros estados?

Mauro Ricardo – Eu posso afirmar que a situação do Paraná é confortável perante os outros estados. Porém, ainda temos muitos compromissos pela frente. Existem muitas demandas que precisam ser atendidas em diversas áreas. Então, para isso, é necessário controlar as despesas administrativas, para gerar cada vez mais recursos disponíveis para investimentos.

Como o Governo do Estado vai fazer esse controle de despesas?

Mauro Ricardo – Posso dizer que segurando as pressões para o aumento salarial e a contratação de novos servidores é uma das medidas. O Paraná foi o único Estado que deu 10,67% de aumento salarial, acabamos de promover esse aumento e as pessoas começaram a querer ampliar significativamente as despesas com o pessoal. É impossível. Se o Estado comprometer todas as receitas em pagamento de pessoal, dívida e precatório, não sobra mais nada para o restante da população.

O Estado arrecadou mais. Isso significa que também gastou mais?

Mauro Ricardo – Gastou, mas gastou de maneira acertada. Gastou com a educação, com a saúde e outras áreas prioritárias. Até porque, no ano passado, no primeiro quadrimestre, estávamos pagando uma divida de 2014 de exercícios anteriores. Quando chegarmos a dezembro deste ano, comparando com janeiro a dezembro de 2015, vamos ter um retrato melhor dessa situação e vamos verificar que as despesas não cresceram da forma como se imaginava.

O senhor disse que o Governo do Estado tem a meta de investir R$ 3,7 bilhões até o fim do ano. Por que até agora só foi aplicado o montante de R$ 600 milhões?

Mauro Ricardo – Primeiro, porque ainda não conseguimos proferir todas as receitas que estão previstas no orçamento. Parte dessas receitas é oriunda de alienação de ativos. Que ativos são esses? Por exemplo, no Badep são os 54 imóveis que foram autorizados à alienação e a securitização de recebíveis que ainda não se concretizaram para que a gente tenha a receita suficiente para fazer estes investimentos.

O retorno do governo federal também é esperado?

Mauro Ricardo – O governo federal pode ajudar em dois aspectos importantes. O primeiro é dar o aval de autorização para que a gente possa fazer as contratações das operações de crédito. Temos três autorizações de crédito extremamente significativas. São recursos na ordem de mais de R$ 1 bilhão, entre o programa Paraná Seguro, obras de urbanização nos municípios e também de infraestrutura, na área de rodovias. Também tem as operações a fundo perdido, que, infelizmente, não estão vindo.