BRASÍLIA – Em entrevista à rádio Metrópole, da Bahia, nesta quarta-feira, o presidente Michel Temer mostrou-se irritado com a ideia de que a aprovação da PEC que estabelece um teto de gastos públicos irá reduzir ou congelar as despesas com saúde e educação.
? Isso é mentiroso, é falso. Porque na verdade, em momento algum, o projeto fala em redução com gastos com saúde e educação, que são pontos fundamentais para qualquer governo ? afirmou.
Segundo Temer, o projeto prevê um teto global de gastos, como forma de evitar despesas maiores do que as receitas:
? Tentam divulgar a ideia de que quando você fala em teto de gastos, você está falando em teto de gastos para saúde, para educação, para a cultura, e não é isso não, é o teto geral. O teto geral é de X, você tira de um lugar e põe em outro, jamais será tirado da saúde e da educação.
Logo após a entrevista, por telefone, Temer participou de solenidade de posse do novo ministro do Turismo, o peemedebista Marx Beltrão. Aproveitando a plateia cheia de deputados, o presidente disse que se o governo tivesse definido há cinco ou seis anos um teto de gastos públicos, o país não estaria enfrentando a crise econômica atual. Temer pediu empenho dos deputados da base aliada na votação da matéria, marcada para a próxima segunda-feira. E pediu que não se incomodem com a oposição porque ela trabalha historicamente para destruir governos.
? Tenho pequisas reveladoras que se uma hipótese como essa do teto de gastos tivesse sido promovido há cinco, seis anos atrás, estaríamos com zero de déficit e o país estaria recuperado. Peço empenho dos parlamentares, que na segunda-feira estejam aqui, porque é fundamental votar isso ? disse Temer, que continuou:
? Claro que terá oposição, mas não se incomodem com oposição, porque sua posição é política: se não estou no governo tenho que destruir o governo. Isso é uma coisa histórica, cultural, vem de muito tempo.
Na entrevista, Temer foi questionado sobre a teoria do golpe para tomar o poder da ex-presidente Dilma Rousseff. O presidente respondeu que se esta tese tivesse colado, o resultado das eleições municipais em todo o país teria mostrado crescimento dos partidos favoráveis à Dilma e não o contrário.
? Se prevalecesse (a tese do golpe), aqueles que, digamos, pregaram a ideia do golpe, teriam tido um sucesso eleitoral extraordinário no Brasil e não foi isso que aconteceu, ao contrário. Aqueles que fazem parte hoje da nossa base aliada, é que tiveram vitórias em todo o país.
Com apenas 14% de popularidade aferida em pesquisa Ibope divulgada na última terça-feira, Temer minimizou os números. Disse que não está preocupado com isso e que acha natural não ser popular porque assumiu o cargo em “situação delicada”:
? Não estou preocupado com isso não. Acho muito natural que não haja popularidade no nosso governo, por enquanto. Eu assumi, primeiro interinamente, que já é uma situação meio delicada, por uns meses e em caráter efetivo, definitivamente de um mês para cá. É natural, primeiro, que não haja popularidade. Em segundo lugar, como eu não tenho mais nenhum objetivo eleitoral, o meu único objetivo e do meu governo é recolocar o Brasil nos trilhos. E eu não me incomodo com popularidade ? afirmou o presidente.