RIO – Uma campanha nacional que começa nesta segunda-feira vai promover um mutirão de cirurgias de reparação da fissura labiopalatina em diferentes estados, além de realizar um esforço para treinar médicos para tratar esse tipo de paciente. Trata-se da segunda edição da Campanha Nacional de Fissura Labiopalatina, organizada pela ONG Smile Train, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e a Fundação Ideah, com o objetivo não apenas de reduzir filas de espera por operações mas também de conscientizar a população sobre um problema que afeta um indivíduo a cada 700 nascimentos no país.
Este ano, a campanha ocorre até sexta-feira, atuando principalmente na Região Norte, onde será beneficiado um número maior de pacientes. Mas estados no Nordeste e no Centro-Oeste também terão bases cirúrgicas. Serão quatro os centros de referência da mobilização: Fundação Hospital Adriano Jorge, em Manaus (AM), Instituto Sorriso Legal, em Marabá (PA), Associação Beija-flor, em Sobral (CE), e Fundação Uniselva, em Cuiabá (MT). Estes locais receberão um cirurgião plástico experiente para realizar as cirurgias de reparação com a equipe local. A ideia é beneficiar diretamente 130 pessoas. Além disso, médicos residentes serão treinados para melhorar o atendimento aos pacientes em suas áreas.
No Rio, a base da campanha será o Hospital Municipal Nossa Senhora do Loreto, na Ilha do Governador. A unidade abrigará uma série de eventos voltados para crianças, incluindo brincadeiras com animadores nos dias de atendimento ambulatorial. Nesta quinta-feira, dia 13, haverá uma grande festa, com a apresentação do Coral Smile Train, formado por pacientes com fissura labiopalatina, além de teatro e um lanche para todos os presentes.
A fissura labiopalatina é uma má formação do lábio superior, que pode atingir o céu da boca. O problema tem origem no desenvolvimento incompleto do lábio e/ou do palato, durante a gestação do bebê. A condição afeta não apenas a fala, mas também a nutrição e a respiração, e pode causar um isolamento social do paciente, muitas vezes alvo de preconceito social.
Porém, o problema pode ser facilmente revertido, com ajuda de diagnóstico rápido e uma cirurgia de 45 minutos, além de assistência médica continuada O objetivo do trabalho é garantir à criança uma vida sem limitações. Todos os anos, a ONG Smile Train realiza algo em torno de 3.500 cirurgias de reparação da fissura labiopalatina no Brasil, muitas delas em populações ribeirinhas da Amazônia. O número, contudo, é menor do que a estimativa de 4300 bebês nascidos com fissura por ano no país. Também há jovens e adultos que nunca fizeram tratamento, principalmente por falta de acesso.